Operação do Gecoc faz buscas para localizar ex-gestores de Mata Grande e Passo de Camaragibe
Jacob Brandão |
Uma operação do Grupo Estadual de
Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público
Estadual de Alagoas (MPE/AL) e que contou com o apoio das Polícias
Militar e Civil, cumpriu um mandado de prisão contra o ex-prefeito de
Girau do Ponciano Fábio Rangel Nunes de Oliveira. O Gecoc continua nas
ruas para tentar localizar José Jacob Gomes Brandão e Márcia Coutinho
Nogueira de Albuquerque, ex-gestores dos municípios de Mata Grande e
Passo de Camaragibe, respectivamente. Eles não foram localizados em suas
residências, que também foram alvo de busca e apreensão. Na
representação encaminhada à 17ª Vara Criminal da Capital, o
procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, e o Gecoc
ainda solicitaram a indisponibilidade dos bens de todos os envolvidos.
A prisão contra Fábio Rangel Nunes de
Oliveira foi feita na casa dele, em Arapiraca. O cumprimento do mandado
foi acompanhado pelos promotores de Justiça Luiz Tenório e Kléber
Valadares. Este último, atual promotor natural de Girau do Ponciano.
Fábio não apresentou resistência e foi encaminhado à sede do Ministério
Público, em Maceió, onde deverá ser interrogado. Já José Jacob Gomes
Brandão e Márcia Coutinho Nogueira não foram encontrados em suas
residências. As equipes do Gecoc continuam fazendo buscas na tentativa
de localizá-los. Na casa de Jacob, num condomínio de luxo em Jacarecica,
participou da operação o promotor Carlos Davi Lopes e, no imóvel de
Márcia, na Ponta Verde, estiveram presentes os promotores Thiago Chacon e
Lucas Sachsida.
De acordo com as investigações do
Ministério Público, que começaram em março último, os ex-prefeitos
teriam participado de um esquema criminoso envolvendo suposta compra de
medicamentos por meio de notas fiscais fraudulentas. Nas irregularidades
apuradas pelo Gecoc, ficou comprovado que José Jacob Gomes Brandão,
Fábio Rangel Nunes de Oliveira e Márcia Coutinho Nogueira assinaram
procedimentos licitatórios que beneficiaram a RR Distribuidora,
autorizando pagamentos de verbas públicas em favor da referida empresa,
sem que qualquer mercadoria tivesse sido fornecida ou serviço prestado.
O prejuízo causado, segundo os
investigadores, já ultrapassaria as cifras de R$ 3 milhões. E tal valor
foi confirmado ao Gecoc por uma pessoa que aceitou o benefício da
colaboração premiada e decidiu revelar o esquema criminoso. Em
depoimento prestado ao MPE/AL, esse homem contou que foi convencido por
um empresário a montar uma empresa de fachada com o objetivo apenas de
vender notas fiscais frias em troca de uma determinada quantia em
dinheiro. Tal empresa deveria fornecer, supostamente, medicamentos para
as prefeituras de Mata Grande, Passo do Camaragibe e Girau do Ponciano.
No entanto, ela jamais vendeu os remédios, apesar de emitir nota fiscal
em valores altíssimos.
A operação prendeu ainda uma
ex-secretária de Saúde de Girau do Ponciano e um representante da RR
Distribuidora, empresa que pertence ao empresário que aceitou colaborar
com as investigações.
Operação Sepse
A operação desta quarta-feira (19) é uma
continuação da “Sepse”, desencadeada em junho passado nessas três
prefeituras já citadas. Após o cumprimento das medidas cautelares à
época, centenas de documentos foram recolhidos e eles serviram de base
para que o Gecoc pudesse aprofundar as investigações.
Naquela ocasião, o empresário Josimar
Campos de Araújo também foi alvo da operação e havia contra ele um
mandado de prisão temporária. Josimar é apontado como proprietário da JC
Campos Distribuidora, a principal empresa envolvida no esquema. Ele não
foi encontrado em sua residência e, até agora, continua foragido, uma
vez que o pedido de prisão temporária foi convertido em preventiva em
função da fuga do acusado.
O pedido de prisão e os mandados de busca e apreensão
Para o Gecoc, manter os acusados em
liberdade significar dar a eles a possibilidade de atrapalhar o
andamento do procedimento investigatório criminal (PIC). “As cidades de
Mata Grande, Passo de Camaragibe e Girau do Ponciano são de extrema
pobreza, com índices de desenvolvimento humano baixíssimos, provocados
por sucessivas gestões corruptas. Por isso, é imprescindível as
investigações em curso, a fim de impedir que os agentes públicos
investigados perturbem ou dificultem a produção de provas, orientando
testemunhas, apagando vestígios do crime, destruindo documentos etc.
Ademais, um dos crimes investigados, qual seja, integrar organização
criminosa, comporta a prisão temporária”, alega o MPE/AL.
“Ressalte-se, ainda, que a organização
criminosa é um delito mais grave que a associação criminosa, trazendo
maiores danos sociais, pelo que não haveria razão lógica para o
dispositivo legal abarcar apenas a associação criminosa”, diz um outro
trecho da representação.
Já com relação as medidas cautelares
para fazer buscas nas residências dos investigados, o Gecoc acredita que
novas provas possam ser localizadas. “Nas residências dos ex-prefeitos
de Passo de Camaragibe, Girau do Ponciano e Mata Grande podem ser
encontrados objetos e documentos capazes de instruir a ação penal a ser
interposta e de formar a convicção do julgador. Não há dúvidas que a
espécie delituosa investigada demanda armazenamento de dados e
documentos, seja em meio físico ou virtual, o que reflete a importância
da análise de papéis e computadores armazenados nas residências dos
suspeitos. Enxergada como meio de prova, a busca domiciliar tem a
finalidade de assegurar de forma direta a materialidade e, em alguns
casos, até mesmo autoria das infrações penais examinadas. Portanto, em
face de sua essencialidade à futura relação jurídico-punitiva, poderá
ser decretada até mesmo na fase de investigações preliminares, por
requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público”,
argumentou o MPE/AL.
A indisponibilidade dos bens
O procurador-geral de Justiça, Alfredo
Gaspar de Mendonça Neto, e os promotores do Gecoc, Antônio Luiz dos
Santos, Luiz Tenório, Elísio da Silva Maia, Carlos Davi Lopes, Hamilton
Carneiro Júnior e Eloá de Carvalho Melo também pediram a
indisponibilidade dos bens de todos os acusados no valor de R$ 3
milhões.
Com o pedido deferido pela 17ª Criminal
da capital, o Bacenjud (Banco Central do Brasil), o Renajud (Sistema de
Restrições Judiciais de Veículos Automotores) e os cartórios
imobiliários de Maceió, de Passo de Camaragibe e de Girau do Ponciano
deverão receber ofícios para que promovam o devido bloqueio dos bens em
nome dos envolvidos.
Imagens da operação/MPE/AL
Imagens da operação/MPE/AL
Por MPE/AL
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