Morador de Delmiro Gouveia-AL, Haroldo Almeida representa o Sertão de Alagoas na COP30 - 2025 em Belém - PA

Foto.: Assessoria
Em meio à floresta amazônica, às grandes delegações internacionais e às negociações climáticas de alto nível, um sotaque do sertão ecoou com força: o do Alto Sertão de Alagoas.  Foi de lá, da Caatinga dura e cheia de vida, que o ambientalista Haroldo Oséias de Almeida, morador do município de Delmiro Gouveia  chegou  a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), levando no peito o nome da sua terra e, na bagagem, uma ideia simples e poderosa: o semiárido não é problema, é solução climática para o planeta, que foi realizada neste mês de novembro de 2025.

Representando a Associação dos Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga (APCCSBC) e diversas instâncias do território – como a BASE da Caatinga do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, o Colegiado Territorial do Alto Sertão, a Coopera Sertão e o Comitê de Bacia da Região Hidrográfica do Sertão do São Francisco – Haroldo transformou a COP30 em um grande espaço de tradução: tradução da linguagem técnica do clima para a vida real das famílias sertanejas, e tradução da resistência do Alto Sertão para o idioma da diplomacia internacional.

O semiárido sentado à mesa das soluções

Em um dos momentos mais marcantes da sua participação, Haroldo apresentou, em atividade autogestionada, o método brasileiro de créditos de carbono em vegetação nativa do semiárido, construído a partir da realidade da Caatinga e das comunidades que vivem nela.
Não era apenas uma exposição técnica. Era, sobretudo, um lembrete:
“Quem vive na Caatinga já aprendeu há séculos a lidar com a escassez. O que estamos propondo é que o mundo reconheça esse conhecimento e remunere a regeneração que o povo do semiárido é capaz de fazer.”


A proposta do Crédito de Carbono Integral, fruto dessa visão, ganhou destaque na Casa da Ciência e, depois, entre as Soluções da COP30, sendo reconhecida como uma das iniciativas da sociedade civil brasileira mais bem avaliadas. Para um território costumeiramente esquecido, isso é um gesto simbólico enorme: o Alto Sertão passa a aparecer nos relatórios, nos mapas e nas conversas de quem desenha o futuro climático do planeta.

Entre gabinetes, rios e pessoas: a agenda do sertão em Belém
A participação de Haroldo na COP30 foi marcada por um equilíbrio entre articulação política, densidade técnica e escuta humana.
Ele dialogou com:
●    Pesquisadores e jornalistas que há anos acompanham a pauta climática no Brasil;

●    Representantes do Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica;

●    Bancos públicos, como Banco do Nordeste e Banco do Brasil, em busca de caminhos para financiar projetos de regeneração da Caatinga e fortalecimento da agricultura familiar;

●    Lideranças do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, a exemplo de Sérgio Xavier, reforçando o papel da Caatinga dentro da agenda climática nacional.

A proximidade com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco também atravessou a semana: o apoio ao MUTIRÃO PELO SÃO FRANCISCO, o diálogo sobre a criação de um fundo de restauração ambiental e climática da bacia e a defesa da Caatinga como parte vital da segurança hídrica do rio colocaram o Alto Sertão no centro de uma discussão que interessa a todo o Brasil.
Em meio a tudo isso, houve tempo até para um gesto concreto de futuro: conversas com representantes da China sobre fogões ecologicamente equilibrados para o semiárido, reduzindo o uso de lenha, o desmatamento e os problemas de saúde causados pela fumaça nas casas rurais.

A Caatinga em vídeo, voz e afeto

Um dos momentos mais emocionantes foi o Vídeo Debate sobre o Bioma Caatinga, organizado na Zona Verde da COP30. Em vez de gráficos complexos, o que aparecia na tela eram imagens do sertão, das pessoas, da vegetação retorcida que insiste em brotar depois da seca.
Vídeos, falas institucionais, soluções da sociedade civil e rodas de conversa criaram uma espécie de círculo de partilha. Gente da Amazônia, do Centro-Oeste, de outros países, passou a olhar para a Caatinga com mais curiosidade, respeito e empatia.
“Quando a gente mostra o rosto das pessoas e não só o número da emissão, o clima deixa de ser um problema abstrato. Vira algo que passa pela água, pelo alimento, pela fé, pela casa de cada um”, sintetizou Haroldo em uma das rodas de conversa.

Quando o mapa muda: o sertão no centro

A história da participação de Haroldo Almeida na COP30 não é apenas a de um técnico especializado em carbono.
 É a história de um território que decidiu se enxergar como protagonista.

Do Alto Sertão de Alagoas para o mundo, a mensagem que ficou é clara:

●    A Caatinga não é um bioma menor;

●    O semiárido não é uma área condenada;

●    Agricultores familiares e comunidades tradicionais não são “beneficiários”, mas autores de soluções climáticas.

Em um mundo que corre contra o relógio para reduzir emissões e se adaptar a eventos extremos, o que Haroldo levou à COP30 foi mais do que projetos: foi uma visão de futuro onde justiça climática, regeneração ecológica e dignidade no sertão caminham juntas.

E, se depender do que se plantou em Belém, o Alto Sertão de Alagoas não será mais apenas um ponto esquecido no mapa.

Será referência viva de como um território pode cuidar da sua casa e, ao mesmo tempo, ajudar a cuidar do planeta inteiro.





Por Assessoria/Haroldo Almeida 

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