Samu Aeromédico completa 10 anos com cerca de 2 mil atendimentos em Alagoas
Atendimento do Samu Aeromédico reduz o tempo resposta nos salvamentos Olival Santos |
Agilidade no resgate é fundamental para uma equipe obter êxito durante o atendimento pré-hospitalar. Quanto menor for o tempo resposta em cada ocorrência, maiores serão as chances de uma vida ser salva. E esse tem sido o papel desempenhado pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Aeromédico em Alagoas, que atua há 10 anos e já realizou 1.902 resgates desde sua fundação, em fevereiro de 2010.
Para se ter ideia da eficiência do serviço, no ano passado o Samu Aeromédico bateu recorde de atendimentos, com 316 ocorrências. Número que representa um aumento de 48,35% em comparação com o ano de 2018, quando foram atendidas 213 ocorrências, segundo dados do Núcleo de Estatística do Samu Alagoas.
Em um desses atendimentos, o vaqueiro José Dionísio Júnior, 33 anos, teve a vida salva após cair de um cavalo e bater a cabeça em uma pedra. O acidente ocorreu na fazenda em que trabalha, na zona rural do município de Viçosa, no Vale do Paraíba, distante 85 km de Maceió.
“O acidente ocorreu no último dia 9 de novembro, às 09h20. Não vou me esquecer dessa data e esse horário. Foi quando recebi a ligação dizendo que meu esposo tinha sofrido um acidente. No começo imaginei que fosse besteira, mas, quando cheguei ao local, vi que era uma coisa muito séria e me falaram que o resgate ia ser feito pelo helicóptero do Samu”, recorda Cecília dos Santos, esposa de José Dionísio.
O médico Reginaldo Melo era um dos socorristas que estava de plantão no Samu Aeromédico no dia do acidente. Para o profissional, a agilidade no atendimento foi o que salvou a vida de José Dionísio Júnior, garantindo uma boa recuperação para o vaqueiro e evitando maiores sequelas.
“Fizemos a avaliação primária do paciente, que estava com uma suspeita de traumatismo cranioencefálico, desacordado e com dificuldades para respirar. Devido ao rebaixamento do nível de consciência e a baixa oxigenação do sangue, optamos por entubá-lo, mas, pelo impacto da queda, ele estava com um hematoma muito grande na língua, além de bastante sangue na via aérea, o que não permitiu fazermos o procedimento, apesar de tentarmos por quatro vezes”, relatou o médico.
Para não causar mais dano a José Dionísio Júnior, que estava com a saturação muito baixa, o médico Reginaldo Melo diz que optou por fazer uma cricotireoidostomia cirúrgica: “O procedimento é feito por meio de um pequeno corte na região do pescoço e coloca-se um tubo na traqueia. Só com esse procedimento garantimos uma via aérea definitiva e conseguimos estabilizar o paciente para poder fazer o transporte até o HGE [Hospital Geral do Estado], em Maceió”.
A ocorrência também contou com o apoio da Unidade de Suporte Básico (USB) da Base Descentralizada de Viçosa. A esposa do paciente, Cecília Santos, lembra que muitas pessoas estavam desacreditadas, dizendo que seria muito difícil ele se recuperar e eram grandes as chances de José Dionísio Júnior ficar em estado vegetativo.
“Foram longos 59 dias que passamos no HGE, sendo 12 dias em coma. Toda a equipe do Samu Aeromédico foi crucial e tenho certeza que, se não fosse por eles, e por Deus, meu esposo não estaria aqui. Eu só tenho a agradecer a toda equipe, que não mediu esforços para salvar meu marido. Eles ainda passavam no HGE para ter notícias dele. Tudo o que foi feito pela minha família não tem nada que pague”, disse Cecília Santos, emocionada.
Ainda com dificuldades para falar e andar, José Dionísio Júnior só pensa em voltar para o cercado, andar a cavalo e derrubar boi. “Quero agradecer a todos que cuidaram de mim no dia do acidente e no tempo que fiquei no HGE. Não me lembro daquele dia, mas sei que foi um dia que nasci de novo. Estou fazendo minhas sessões de fisioterapia para voltar ao cercado logo, logo”, disse o vaqueiro.
Piloto do Samu Aeromédico no dia da ocorrência, o major Diego Mendonça recordou que o socorro a José Dionísio Júnior foi bastante complicado. “Por ser em uma região de difícil acesso, com muitas serras e mata, não foi tão fácil de achar o local correto do acidente. Mas, assim que chegamos, encontramos a vítima em uma situação muito grave e, para o êxito do atendimento ao paciente, foi necessária a participação ativa de todos os membros da tripulação”, destacou.
Segundo o major, o envolvimento da equipe foi fundamental para que José Dionísio Júnior pudesse sobreviver. “Essa ocorrência foi tão marcante que, ao nos encontrarmos, sempre falávamos a respeito. Ficamos, inclusive, acompanhando constantemente a luta dele pela vida e estamos muito felizes pela sua recuperação”, ressaltou o coordenador da Chefia Aérea Especial de Segurança Pública (Caesp).
O início – O Samu Aeromédico começou a atuar durante o Carnaval de 2010 como um projeto piloto, desenvolvido durante a festividade. Na ocasião, a equipe era formada por dois médicos, quatro tripulantes operacionais e o piloto, o tenente coronel André Madeiro, atual comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) e um dos idealizadores do projeto.
“Depois dos excelentes resultados que conquistamos, a Sesau [Secretaria de Estado da Saúde] iniciou a concepção propriamente do serviço, com a aquisição de uma aeronave e a formação da equipe aeromédica do Samu Alagoas”, lembra Maxwell Padilha, um dos dois médicos do Samu Alagoas que fizeram parte do projeto piloto.
O Samu Aeromédico, de acordo com Padilha, foi pensado para encurtar as distâncias e promover um atendimento ágil às vitimas de acidentes de trânsito. “Com o serviço funcionando, fomos vendo que precisaríamos ampliar os tipos de ocorrências que a equipe fazia. Então, além dos acidentes em rodovias, passamos a fazer transferências inter-hospitalares, principalmente de pacientes com suspeitas de AVC [Acidente Vascular Cerebral] ou com suspeita de infarto”, disse o médico.
As primeiras ocorrências para o Samu Aeromédico foram durante as enchentes que assolaram vários municípios alagoanos no inverno de 2010. As equipes fizeram mais de 50 resgates em locais de difícil acesso de Branquinha, São José da Laje, Rio Largo e União dos Palmares.
Aeronave Exclusiva no NE – No Brasil, nove estados possuem o Samu Aromédico habilitado pelo Ministério da Saúde. Além de Alagoas (AL), o serviço está implantado no Acre (AC), Ceará (CE), Minas Gerais (MG), Pernambuco (PE), Piauí (PI), Paraná (PR), Rio Grande do Norte (RN) e Santa Catarina (SC).
Mas Alagoas é o único estado do Nordeste a possuir uma aeronave exclusiva para o Serviço Areomédico. Em Pernambuco, o Samu compartilha as aeronaves da Polícia Militar (PM) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No RN e no CE as aeronaves são compartilhadas com as equipes da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Já o Samu do Piauí possui uma aeronave, mas, as equipes fazem somente transferências interhospitalares.
A aeronave do Samu Aeromédico integra a Chefia Aérea Especial de Segurança Pública (Caesp) e tem sua tripulação formada por um médico e um enfermeiro do Samu Alagoas, um piloto da Secretaria de Segurança Pública (SSP) ou do Corpo de Bombeiros e um tripulante operacional dos Bombeiros.
Para se ter ideia da eficiência do serviço, no ano passado o Samu Aeromédico bateu recorde de atendimentos, com 316 ocorrências. Número que representa um aumento de 48,35% em comparação com o ano de 2018, quando foram atendidas 213 ocorrências, segundo dados do Núcleo de Estatística do Samu Alagoas.
Em um desses atendimentos, o vaqueiro José Dionísio Júnior, 33 anos, teve a vida salva após cair de um cavalo e bater a cabeça em uma pedra. O acidente ocorreu na fazenda em que trabalha, na zona rural do município de Viçosa, no Vale do Paraíba, distante 85 km de Maceió.
“O acidente ocorreu no último dia 9 de novembro, às 09h20. Não vou me esquecer dessa data e esse horário. Foi quando recebi a ligação dizendo que meu esposo tinha sofrido um acidente. No começo imaginei que fosse besteira, mas, quando cheguei ao local, vi que era uma coisa muito séria e me falaram que o resgate ia ser feito pelo helicóptero do Samu”, recorda Cecília dos Santos, esposa de José Dionísio.
O médico Reginaldo Melo era um dos socorristas que estava de plantão no Samu Aeromédico no dia do acidente. Para o profissional, a agilidade no atendimento foi o que salvou a vida de José Dionísio Júnior, garantindo uma boa recuperação para o vaqueiro e evitando maiores sequelas.
“Fizemos a avaliação primária do paciente, que estava com uma suspeita de traumatismo cranioencefálico, desacordado e com dificuldades para respirar. Devido ao rebaixamento do nível de consciência e a baixa oxigenação do sangue, optamos por entubá-lo, mas, pelo impacto da queda, ele estava com um hematoma muito grande na língua, além de bastante sangue na via aérea, o que não permitiu fazermos o procedimento, apesar de tentarmos por quatro vezes”, relatou o médico.
Para não causar mais dano a José Dionísio Júnior, que estava com a saturação muito baixa, o médico Reginaldo Melo diz que optou por fazer uma cricotireoidostomia cirúrgica: “O procedimento é feito por meio de um pequeno corte na região do pescoço e coloca-se um tubo na traqueia. Só com esse procedimento garantimos uma via aérea definitiva e conseguimos estabilizar o paciente para poder fazer o transporte até o HGE [Hospital Geral do Estado], em Maceió”.
A ocorrência também contou com o apoio da Unidade de Suporte Básico (USB) da Base Descentralizada de Viçosa. A esposa do paciente, Cecília Santos, lembra que muitas pessoas estavam desacreditadas, dizendo que seria muito difícil ele se recuperar e eram grandes as chances de José Dionísio Júnior ficar em estado vegetativo.
“Foram longos 59 dias que passamos no HGE, sendo 12 dias em coma. Toda a equipe do Samu Aeromédico foi crucial e tenho certeza que, se não fosse por eles, e por Deus, meu esposo não estaria aqui. Eu só tenho a agradecer a toda equipe, que não mediu esforços para salvar meu marido. Eles ainda passavam no HGE para ter notícias dele. Tudo o que foi feito pela minha família não tem nada que pague”, disse Cecília Santos, emocionada.
Ainda com dificuldades para falar e andar, José Dionísio Júnior só pensa em voltar para o cercado, andar a cavalo e derrubar boi. “Quero agradecer a todos que cuidaram de mim no dia do acidente e no tempo que fiquei no HGE. Não me lembro daquele dia, mas sei que foi um dia que nasci de novo. Estou fazendo minhas sessões de fisioterapia para voltar ao cercado logo, logo”, disse o vaqueiro.
Piloto do Samu Aeromédico no dia da ocorrência, o major Diego Mendonça recordou que o socorro a José Dionísio Júnior foi bastante complicado. “Por ser em uma região de difícil acesso, com muitas serras e mata, não foi tão fácil de achar o local correto do acidente. Mas, assim que chegamos, encontramos a vítima em uma situação muito grave e, para o êxito do atendimento ao paciente, foi necessária a participação ativa de todos os membros da tripulação”, destacou.
Segundo o major, o envolvimento da equipe foi fundamental para que José Dionísio Júnior pudesse sobreviver. “Essa ocorrência foi tão marcante que, ao nos encontrarmos, sempre falávamos a respeito. Ficamos, inclusive, acompanhando constantemente a luta dele pela vida e estamos muito felizes pela sua recuperação”, ressaltou o coordenador da Chefia Aérea Especial de Segurança Pública (Caesp).
O início – O Samu Aeromédico começou a atuar durante o Carnaval de 2010 como um projeto piloto, desenvolvido durante a festividade. Na ocasião, a equipe era formada por dois médicos, quatro tripulantes operacionais e o piloto, o tenente coronel André Madeiro, atual comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) e um dos idealizadores do projeto.
“Depois dos excelentes resultados que conquistamos, a Sesau [Secretaria de Estado da Saúde] iniciou a concepção propriamente do serviço, com a aquisição de uma aeronave e a formação da equipe aeromédica do Samu Alagoas”, lembra Maxwell Padilha, um dos dois médicos do Samu Alagoas que fizeram parte do projeto piloto.
O Samu Aeromédico, de acordo com Padilha, foi pensado para encurtar as distâncias e promover um atendimento ágil às vitimas de acidentes de trânsito. “Com o serviço funcionando, fomos vendo que precisaríamos ampliar os tipos de ocorrências que a equipe fazia. Então, além dos acidentes em rodovias, passamos a fazer transferências inter-hospitalares, principalmente de pacientes com suspeitas de AVC [Acidente Vascular Cerebral] ou com suspeita de infarto”, disse o médico.
As primeiras ocorrências para o Samu Aeromédico foram durante as enchentes que assolaram vários municípios alagoanos no inverno de 2010. As equipes fizeram mais de 50 resgates em locais de difícil acesso de Branquinha, São José da Laje, Rio Largo e União dos Palmares.
Aeronave Exclusiva no NE – No Brasil, nove estados possuem o Samu Aromédico habilitado pelo Ministério da Saúde. Além de Alagoas (AL), o serviço está implantado no Acre (AC), Ceará (CE), Minas Gerais (MG), Pernambuco (PE), Piauí (PI), Paraná (PR), Rio Grande do Norte (RN) e Santa Catarina (SC).
Mas Alagoas é o único estado do Nordeste a possuir uma aeronave exclusiva para o Serviço Areomédico. Em Pernambuco, o Samu compartilha as aeronaves da Polícia Militar (PM) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No RN e no CE as aeronaves são compartilhadas com as equipes da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Já o Samu do Piauí possui uma aeronave, mas, as equipes fazem somente transferências interhospitalares.
A aeronave do Samu Aeromédico integra a Chefia Aérea Especial de Segurança Pública (Caesp) e tem sua tripulação formada por um médico e um enfermeiro do Samu Alagoas, um piloto da Secretaria de Segurança Pública (SSP) ou do Corpo de Bombeiros e um tripulante operacional dos Bombeiros.
Por Agância Alagoas
Nenhum comentário