FPI desmonta rinha de galos e liberta animais vítimas de maus tratos em Delmiro Gouveia
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Imagem Ascom MP/AL |
O clima bucólico de uma pequena chácara
às margens da represa de Paulo Afonso, no povoado de São José, mais
conhecido como ‘Valei-me’, a 35 km do Centro do município de Delmiro
Gouveia - Sertão alagoano, não foi suficiente para esconder vários
crimes ambientais flagrados pela Fiscalização Preventiva Integrada do
Rio São Francisco da Tríplice Divisa (FPI). No local, a equipe da Fauna
constatou crimes de maus tratos contra animais, construção irregular em
solo proibido e funcionamento de estabelecimento poluidor sem licença ou
inspeção dos órgãos competentes.
Por todos esses ilícitos ambientais, o
proprietário da chácara, Flávio Antônio Queiroz, foi multado pelo IMA e
pelo Ibama. Somadas, as sanções pecuniárias chegaram a R$ 65 mil reais.
Ele também foi autuado por posse ilegal de arma.
As rinhas de galo
A prioridade rural era um disfarce para a
criação e treino de galos de briga. A equipe da fauna contabilizou 90
animais trancafiados em pequenas gaiolas. Em pelo menos 54 deles, foram
constatados maus tratos. Alguns, inclusive, estavam com as esporas
serradas, cristas abertas e falhas de penas pelo corpo, que são sinais
claros da participação em rinhas.
Segundo os técnicos, essas
características são típicas de animais que recebem treinamento e depois
são colocados para brigar. "Claro que criar galos não é proibido. O que
é contrário a lei é maltratar animais, o que foi o caso desta situação.
Achamos aqui vários apetrechos utilizados nos treinos de animais que
são colocados para participar de rinhas e muitos galos estão bastante
machucados. Vários possuem cicatrizes na face, na crista e faltam penas
no corpo. Por isso, estão configurados os maus tratos", explicou o
médico veterinário Isaac Albuquerque.
"E os galos também apresentavam
cicatrizes na face. Na verdade, essas feridas são provocadas de forma
proposital por meio de uma técnica chamada escarificação, que consiste
em machucar o rosto do animal com uma espécie de ralador. Assim, ferindo
várias vezes, calos começam a surgir e eles deixam as faces dos galos
mais fortes para as rinhas. E isso é uma crueldade", explicou Isaac
Albuquerque.
Material encontrado
Na chácara, além dos animais e do
material utilizado para o treinamento das brigas, também foram
encontrados medicamentos veterinários vencidos e acondicionados
indevidamente, tudo dentro de uma rinha móvel. “Eles alegaram que aqui
funcionava apenas uma espécie de centro de treinamento, negando que era
uma rinha de galos. Mas, pra gente, isso não faz tanta diferença, uma
vez que durante o treino há brigas e eles se machucam do mesmo jeito. Os
maus tratos estão configurados”, enfatizou o veterinário, lembrando
ainda que o que o uso dos medicamentos sem o controle de um veterinário,
a utilização do produto já vencido ou o seu mau condicionamento, podem
piorar ainda mais a situação dos animais.
Flávio Antônio Queiroz até aparentou
calma durante toda ação da equipe fauna, porém, ao ser informado que
ficaria sem os 54 animais apreendidos, quase perdeu o controle. “Esses
animais são meus e eu não posso ficar sem eles. Vou brigar na justiça
para tê-los de volta. Não são maus tratos o que acontece aqui em casa",
disse ele.
Entretanto, pouco tempo depois, ele
confessou que colocava os galos para se enfrentar. “Eu crio esses galos,
prioritariamente, para reprodução. Mas, não nego que, às vezes, eu os
coloco para brigar e faço apostas. Só que isso é só de vez em quando",
argumentou.
Quanto a espingarda encontrada em sua
posse e os muros construídos em área proibida, ele tentou se justificar:
“Aqui é um lugar bonito e aparentemente calmo, mas temos que nos
defender e proteger também os animais. São galos que custam muito caro”,
declarou.
Imagens/ Ascom MP/AL
Por Ascom MP/AL
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