Banda alagoana Mô Fio! completa 15 anos de carreira e comemora sucesso do forró pé-de-serra
Banda alagoana Mô Fio |
Eles são talentos natos, cantores e musicistas, vivem da música,
respiram sons, ouvem de tudo e exploram a cultura. Criativos, transitam
entre o forró e o sertanejo raiz, a MPB, o rock, o country, a música
latina e a ideologia do “roça ‘in’ roll”, tudo isso, claro, ao som do
estilo pé-de-serra. Isso mesmo! Estamos falando da banda alagoana Mô
Fio!, que, agora em 2016, completa 15 anos de estrada.
Quando foi criada, lá atrás, ainda em 2001, ela foi concebida para
homenagear o forró autêntico, tradicionalmente conhecido como
‘pé-de-serra’. A intenção dos músicos deu certo e, até hoje, eles fazem o
público manter vivo, na cabeça, o ritmo mais conhecido pelos
nordestinos. Ao passo de dois pra lá, dois pra cá, eles vão envolvendo o
público e mantendo vivo esse estilo de forró que quase perdeu espaço
para o ritmo vaneirão, caracterizado pelo forró eletrônico. Mas a Mô Fio
persistiu e provou que ainda há sim, apaixonados por aquele forrozinho
tradicional.
De acordo com Flávio Bernardes, que é carinhosamente chamado de
Flavinho pelos amigos e colegas de profissão, o objetivo da banda
continua sendo o de louvar sempre o que o forró tem de melhor. E a
principal inspiração dos meninos da Mô Fio!? Luiz Gonzaga, claro! “Até a
geração mais nova sabe quem foi o rei do baião, quem foi o autor de Asa
Branca. Sabemos que muitas pessoas não o viram com vida, porém, possuem
conhecimento do legado que ele deixou.
O velho Lula é um mito para o
cancioneiro do Nordeste e, apesar de não estar mais entre nós há mais de
25 anos, parece renascer toda vez que alguém no mundo ensaia alguns de
seus acordes em uma sanfona”, disse o vocalista e empresário da Mô Fio!.
“Luiz Gonzaga foi o responsável por mostrar ao restante do País o
valor do povo nordestino. Foi ele o primeiro músico a cantar o Nordeste,
a seca, as dificuldades vividas pelo povo do Semi-Árido. Ele cantou
também as belezas, a natureza e as peculiaridades da nossa região.
Certamente a música brasileira, em especial, a nordestina, não seria o
que é hoje, se ele não tivesse existido entre nós”, completou Flavinho.
E as influências da Mô fio! também vêm de outros grandes nomes do
forró raiz. “Somos todos apaixonados pelo ritmo pé-de-serra e,
exatamente por isso, criamos um repertório que nos permite levar ao
público poesias traduzidas em forma de canção. Tem sido assim desde o
dia em que fundamos o grupo e o nosso desejo é que possamos nos manter
sempre firme nesse mesmo caminho”, contou Felipe Rezende, zabumbeiro da
banda.
Dominguinhos, Flávio José, Acioly Neto, Dorgival Dantas, Santana,
Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim e Jacinto Silva são alguns dos nomes
que sempre têm músicas garantidas nos set lists da Mô Fio!.
“Quando subimos ao palco, é como se um ritual estivesse começando. As
letras passam a ser cantadas e tocadas com a alma, à medida que o
acordeom chora, o triângulo chiguinlinga e a zabumba bate os sons que
parecem vir do coração. Entendo que a Mô fio! conseguiu se manter no
cenário alagoano exatamente porque faz música dessa forma”, declarou
Tarcízio Viturino, o sanfoneiro ad banda.
O 1º disco em 2002
Seu primeiro disco, álbum intitulado “Nasci pra te amar”, lançado em
2002, vendeu 10.000 cópias nas lojas, marca difícil para uma banda
regional, principalmente com a realidade que já crescente da pirataria
no Brasil. As canções “Nasci pra te amar” e “Girassol” caíram no gosto
do público e, em todos os shows onde são interpretadas, ainda hoje, os
fãs mostram que elas continuam na ‘ponta da língua’.
E o CD fez tanto sucesso em Alagoas que conseguiu ultrapassar as
divisas do Estado. Depois de já ter se apresentado em quase todos os
municípios alagoanos, o grupo foi convidado para fazer participações em
programas de rádio e televisão em São Paulo, Minas Gerais, Espírito
Santo, Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Nos anos seguintes, a Mô Fio! desenvolveu sua performance dando
ênfase a trabalhos periódicos, a exemplo da gravação de CDs de shows ao
vivo, para fins de divulgação regional.
Em 2012, a banda realizou dois grandes trabalhos: a gravação do DVD
ao vivo, que ocorreu no dia 18 de maio, durante a realização do ‘Forró
do Kanoa’, quando subiram ao palco Mô Fio! e Dorgival Dantas; e, o
segundo, que foi a gravação de um CD, também ao vivo, com músicas
inéditas e composições próprias e grandes sucessos do cancioneiro
nordestino.
E esse tipo de repertório, valorizando o forró raiz, deu tão certo
que a Mô Fio! se apresentou em quase todas as cidades alagoanas.
Inclusive, lá fora. Sergipe, Pernambuco, Maranhão e São Paulo já
conhecem o talento desses meninos das Alagoas. “Estamos completando 15
anos de muita luta, é bem verdade. Mas, também comemoramos uma alegria
imensurável pelo fato de poder da viver da música que a gente gosta de
fazer. O forró é a nossa oração”, afirmou Flavinho.
A banda é formada ainda pelos músicos Igor Moreno, no baixo;
Alexandre Adelino, na guitarra; Ruan Clemente, na bateria; e Igor Lopes,
nos teclados.
“Mô Fio!”
“Mô Fio!”: expressão utilizada naturalmente pelos nordestinos em seu
vocabulário no dia-a-dia. Tem o significado de “Meu filho”, num jeitinho
bem nordestino de se falar, com o sotaque que todos conhecem e gostam
de ouvir: “Ô, Môfio!”.
Entretanto, em terras caetés (Alagoas), a expressão significa muito
mais que uma forma carinhosa de falar com uma outra pessoa. Mô Fio!
significa muita música: forró, xote, baião e tudo que há de bom nesse
ritmo gostoso que tão bem caracterizada o Nordeste.
Então… Aí está feita a apresentação do grupo. A descendência
nordestina sempre esteve entre os seus integrantes e o amor pela música
regional popular também. “Pretendemos viver querendo, ouvindo, dançando,
louvando ao forró, aos céus erguemos as mãos rogando em prece ao forró.
Ô mô fio, isso é bom demais”, brincou Flavinho Bernardes.
Por Site Forro Dicomforça
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