Em "Velho Chico", Benedito Ruy Barbosa volta a apostar em trama com romance e crítica social

Em "Velho Chico", Benedito Ruy Barbosa volta a apostar em trama com romance e crítica social  divulgação/TV Globo
Luiz Fernando Carvalho (D) dirige cena da primeira fase da novela com Rodrigo Santoro e Fabíula Nascimento Foto: divulgação / TV Globo

Uma novela das 21h da Globo feita às pressas. Para qualquer equipe de produção e direção, essa situação poderia parecer caótica, mas Luiz Fernando Carvalho mostra uma tranquilidade e confiança que impressionam ao falar sobre Velho Chico, de Benedito Ruy Barbosa, que estreia na próxima segunda-feira, substituindo A Regra do Jogo, na Rede Globo. E não é para menos: um dos diretores com a assinatura mais artística, Carvalho sabe que tem nas mãos um folhetim com os elementos que mais garantem o sucesso dos folhetins na faixa nobre. 

 Uma história cheia de romance, de amor mesmo, mas que também tem um forte apelo social, avalia.

A situação emergencial poderia ter se dado a partir do início conturbado de A Regra do Jogo. Ao disputar audiência com Os Dez Mandamentos, um dos maiores sucessos da teledramaturgia recente da Record, a trama global chegou a sair perdendo no confronto direto em alguns dias, ameaçando a liderança tradicional no horário. Mas essa não foi a grande questão: tudo estava certo para que a estreia de Sagrada Família, de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, acontecesse em março. Mas o contexto político do texto em ano de eleição fez com que a Globo precisasse mudar seus planos. E Velho Chico, pensada para ocupar a faixa das 18h, teve de ser adaptada para as 21h.

 Tivemos dois meses para isso. O que não considero um problema. Se me dão as pessoas certas e as condições, dá para fazer. ê trabalhoso, mas, com dedicação e entrega, a gente conseguiu — garante o diretor, que conta com nomes como Rodrigo Santoro, Tarcísio Meira e Rodrigo Lombardi na primeira fase e Antonio Fagundes, Camila Pitanga e Dira Paes na segunda.

Cenário rural

Velho Chico tira o foco dos grandes centros urbanos e do eixo Rio-São Paulo e o transfere para um cenário nordestino e rural. A trama central da novela aborda uma saga familiar que atravessa gerações às margens do Rio São Francisco e desemboca no amor impossível de Maria Tereza (Isabella Aguiar/ Julia Dalavia/ Camila Pitanga) e Santo (Rogerinho Costa/ Renato Góes/ Domingos Montagner). Ela é filha do coronel Afrânio (Rodrigo Santoro/ Antonio Fagundes), o homem mais poderoso da região. Já Santo é protegido do Capitão Ernesto (Rodrigo Lombardi), grande inimigo de Afrânio. Mas, durante uma procissão de São Francisco de Assis, Santo e Maria Tereza se jogam nas águas do rio São Francisco e, ali, se entregam à paixão.

O romance proibido é descoberto e a jovem é mandada para um internato. O que ninguém sabe é que ela já está grávida e, como as várias cartas escritas pela moça para Santo são interceptadas por sua irmã de leite, Luzia (Carla Fabiana/ Larissa Góes/Lucy Alves), que é apaixonada por ele, o rapaz nem imagina que terá um filho. Descoberta a gestação, Afrânio resolve levar a filha de volta para as terras da família.

Veja  cenas da novela Velho Chico.



 

 O público terá conhecimento disso desde o início, mas a maior parte dos personagens não saberá que Miguel (Gabriel Leone) é filho de Santo. Será um segredo dessa família, adianta Camila Pitanga, que assumirá a interpretação de Maria Tereza no segundo mês de trama.

Crítica social e ambiental

Desde sua primeira fase, Velho Chico carregará um forte debate social sobre a cultura arcaica dos coronéis, com suas fazendas erguidas muitas vezes em circunstâncias de opressão ao povo nordestino.
Ernesto, por exemplo, é um capitão de formação militar que chega à cidade fictícia de Grotas de São Francisco, dominada por coronéis que não são de formação. Nessa época, eles tinham permissão para comprar esses títulos para defender suas terras nos lugares aonde a polícia não chegava.

Junto com isso, vinha um poder e uma opressão sobre o povo. Mas Ernesto não concorda com esse sistema e começa a botar na cabeça das pessoas que está errado, que elas podem se livrar do cabresto — explica Rodrigo Lombardi. 

É esse comportamento que gera um conflito forte com o poder local, exercido pelo coronel Jacinto (Tarcísio Meira), pai de Afrânio, que morre no começo da história e é substituído pelo herdeiro.
Já nos dias atuais, Miguel será o porta-voz de uma discussão sobre conscientização ambiental. O garoto é o único filho de Maria Tereza e Carlos Eduardo (Rafael Vitti/ Marcelo Serrado) — ele assumiu Miguel ao se apaixonar por Teresa e, ao mesmo tempo, saber que depende de Afrânio para seguir carreira política na região. Logo, Miguel é o herdeiro de toda a fortuna da família, mas sua grande paixão é a terra. Tanto que foi cursar Agronomia fora e, quando volta, bate de frente com o avô por não concordar com a maneira como ele explora a região.

 Prevejo alguns embates bem bacanas nessa relação. Estou muito ansioso para ver como vai ser — conta Gabriel Leone.

Por Zero Hora

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