Rodrigo Cunha diz que representa candidatura independente e que "não tem rabo preso"
Rodrigo Cunha / Foto: Assessoria |
O Portal CadaMinuto continua a série de entrevistas com os candidatos que concorrem, nas eleições deste ano, ao Governo do Estado. As reportagens têm a finalidade de permitir que os candidatos exponham suas propostas e compartilhem sua opinião sobre o cenário político e social de Alagoas.
Rodrigo Cunha (UB) é o quarto entrevistado da série. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Por que decidiu concorrer ao Governo de Alagoas?
Acredito que a política existe para servir as pessoas e não para as pessoas que querem se servir dela. Porque é evidente que o atual grupo político que domina o estado não possui um projeto para o desenvolvimento de Alagoas, mas um projeto de poder político que fortalece determinados grupos no domínio em detrimento do bem-estar dos alagoanos. Hoje, Alagoas é um estado injusto para muitos e rico para poucos. Alagoas foi destaque recentemente nas manchetes nacionais como o estado da fome. Também somos o estado com o maior número de analfabetos. Não dá para admitir que chegamos a essa situação e que é tudo normal. Não é. Não está certo ver tantas pessoas sem ter o que comer, sendo atendidas nos corredores dos hospitais, sem qualificação profissional, morando em condições desumanas. Minha candidatura representa um coletivo de pessoas que acreditam que Alagoas merece mais. No Senado, trabalhei por todos os municípios, independente de partidos políticos. Levei ações para cada uma das nossas 102 cidades, sem olhar se o prefeito era aliado ou adversário político. Não tenho amarras ou rabo preso. Represento uma candidatura independente, que tem compromisso com as pessoas e com o futuro de Alagoas.
Quais são os problemas existentes em Alagoas, hoje, que serão prioridade na sua possível gestão?
Os indicativos negativos de Alagoas são muitos e visíveis no dia a dia dos alagoanos. A minha prioridade será cuidar das pessoas. Essa é a maior obra que uma gestão pode fazer. Vamos chamar toda a sociedade, as prefeituras, o terceiro setor, as igrejas, as empresas, para fazer o Pacto pela Educação. Será um grande esforço de todos nós para que as pessoas possam aprender a ler e escrever. Não vamos mais admitir tanta gente analfabeta em Alagoas. É possível mudar isso e, juntos, vamos fazer. Iremos lançar a Bolsa Alagoas, um programa de transferência de renda que prevê capacitação profissional para os beneficiados, que vão fazer parte de um cadastro para preenchimento de vagas em obras públicas. Não basta apenas dar dinheiro, precisamos garantir oportunidade, dignidade e chance para que estas pessoas possam mudar de vida. Na saúde, vamos repetir a experiência bem sucedida de programas como Saúde da Gente e Corujão da Saúde, que ajudamos o prefeito de Maceió a implantar na capital e agora vamos levar ao estado todo. Os hospitais são importantes, mas é necessário que eles funcionem e que a saúde básica faça sua parte na ponta para que não sobrecarregue o sistema de saúde.
Qual é a sua avaliação do cenário político no estado?
A avaliação que faço é a que está posta nos indicadores sociais e econômicos e que são sentidas pelos alagoanos. Um dos candidatos, que é governador-tampão, representa um grupo político cheio de amarras e compromissos que não tem o desenvolvimento de Alagoas como prioridade, mas o fortalecimento de um grupo no poder. O outro, que já foi até presidente, envergonhou e nunca fez nada pelo desenvolvimento de Alagoas. Ambos representam o atraso que estão nos indicativos sociais que apontam que, em pleno 2022, somos o estado onde mais da metade da população passa fome. Somos o estado que tem mais pessoas registradas em programas de transferências de renda – benefícios sociais – do que pessoas com carteira assinada. Isso não pode acontecer! Por isso, me coloco como uma opção para o cenário político porque minha vida pessoal e política mostra o quanto já fiz por Alagoas. Temos que seguir em frente e apagar o passado de violência e atraso que já prejudicou tanto Alagoas.
Quais são as suas principais propostas para:
1. Saúde
Cuidar da saúde é, acima de tudo, cuidar das pessoas. Tratar a população com atenção e dignidade. Nós vamos inaugurar o estado saudável em Alagoas. Hoje, o paciente que entra na rede de saúde é invisível. A pessoa chega a uma unidade de saúde, mas não tem nenhum acompanhamento. Vamos fazer diferente. Vamos investir em tecnologia, para mudar isso e chegar junto das pessoas. Vamos acompanhar e registrar desde a primeira consulta até a alta, para identificar que exames essa pessoa já fez, o que ainda precisa ser feito, se houve algum problema, se tem regularidade no atendimento. Conhecer as pessoas de perto e entender do que precisam. No Senado, eu ajudei o prefeito JHC a fazer os programas Corujão da Saúde e Saúde da Gente, que vou levar para toda Alagoas. A gente vai ampliar a capacidade de atendimento em 40% e criar o maior programa itinerante de saúde do Brasil. A atual gestão investiu menos de meio por cento da arrecadação na atenção básica, que é a porta de entrada do SUS. Vamos investir de verdade na atenção básica, para identificar as doenças com velocidade.
2. Educação
Alagoas tem o pior indicador de analfabetismo do país. Quase 20% da população não sabe ler ou escrever. É uma realidade constrangedora e vergonhosa para cada um de nós. Vamos criar o Pacto pela Alfabetização, para que todas as pessoas tenham a oportunidade de aprender a ler e a escrever. Iremos envolver municípios, terceiro setor, empresas privadas e toda a sociedade para buscar a erradicação do analfabetismo. Alagoas não vai crescer se o povo alagoano não crescer junto. Vamos implantar o café da manhã nas escolas públicas, porque muitos alunos chegam logo cedo sem ter feito qualquer refeição em casa. Hoje temos mais de 100 mil crianças fora das creches. O estado precisa apoiar as prefeituras para a abertura de novas vagas de creche e iremos fazer isso, inclusive com avaliação e conclusão de obras financiadas que se encontram em atraso ou inacabadas, conectando essa estratégia com iniciativas de geração de emprego e renda. Menos de 5% dos alunos das escolas públicas têm aprendizagem adequada em matemática e só metade dos estudantes que ingressam no ensino público saem na idade certa. A gente vai investir em tecnologia. Eu fiz isso no Senado, criando os espaços de inovação 4.0. Vou utilizar a estrutura das escolas públicas para abrir novos espaços 4.0. Nós vamos ampliar o ensino integral de verdade, não esse faz de conta atual. Na nossa gestão, os alunos vão ter atividade de contraturno e não apenas ficar na escola sem nada para fazer. Vamos colocar cursos de idiomas, profissionalizantes, arte e cultura, esportes e preparatórios para o Enem.
3. Emprego (Turismo)
No primeiro dia de gestão vamos lançar o programa Cresce Alagoas. A gente vai destravar a burocracia, trazer novas empresas, ampliar o crédito para quem quer investir e aumentar a renda no estado. Nós iremos implantar o distrito industrial do Agreste. Com o programa Nome Limpo, a gente vai ajudar as pessoas a negociar e pagar suas dívidas, voltando ao mercado de consumo. A mesma coisa precisa ser feita com as empresas, especialmente com empreendedores individuais, pequenos e micros. Alagoas precisa de um Ceasa no Agreste e outro no Sertão, para fortalecer a agricultura familiar e o agro. É preciso investir em estrutura, para que quem vive no campo tenha oportunidade de trabalho.
No turismo, vamos fazer o novo planejamento estratégico. O atual já tem dez anos, foi feito pelo ex-governador Téo Vilela e nunca foi atualizado. Muita coisa mudou no modo de planejar e consumir destinos. É esse planejamento que orienta todas as ações do governo no turismo, um setor que responde por 8% da nossa economia. Vamos garantir recursos para divulgar o destino, dentro e fora do país, usando dinheiro que hoje serve para fazer promoção pessoal e não melhora em nada a vida do povo alagoano. Iremos criar escolas técnicas estaduais em Alagoas, começando com uma em cada região, qualificando mão de obra, olhando para cada arranjo produtivo local. Alagoas não tem nenhuma escola técnica estadual. Pernambuco, por exemplo, tem mais de 60, com quase cinco mil vagas sendo oferecidas por ano. Vamos qualificar jovens e adultos, utilizando as escolas técnicas e os colégios da rede estadual.
4. Segurança Pública
Nós iremos valorizar os policiais de verdade. Quem arrisca a vida para proteger a sociedade merece respeito e admiração. Vamos blindar a frota policial do estado, para garantir a integridade dos agentes da segurança. É fundamental realizar concurso público para a contratação de novos policiais, porque hoje temos uma defasagem enorme nos quadros das Polícias Civil e Militar. Tem delegados respondendo por até dez delegacias e o resultado é que a cada dez inquéritos, quatro não chegam ao fim. Iremos investir em tecnologia para qualificar o IML e o Instituto de Criminalística, que estão completamente sucateados. Para enfrentar crime organizado, só com tecnologia e inteligência.
Em um possível segundo turno entre Bolsonaro e Lula, quem você apoiaria? Por quê?
Nosso interesse é discutir Alagoas e os problemas do nosso estado, que são enormes. Se tiver a chance de assumir o governo, irei a Brasília para dialogar com quem quer que seja. Os recursos pertencem ao povo alagoano, que é quem paga os impostos. Serei independente para exigir o que pertence a Alagoas, seja quem for o presidente. Não faço política para os políticos, faço para as pessoas.
Por Cada Minuto
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