Morte de Delmiro Gouveia completa 102 anos nesta quinta-feira, 10, conheça a história do Pioneiro
Imagem montagem Adalberto Gomes |
A morte de Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, está completando 102 anos nesta quinta-feira, 10. Ele foi assassinado aos 54 anos a tiros no dia 10 de outubro de 1917, em frente ao seu chalé, onde hoje se encontra o Memorial Delmiro Gouveia, no centro da cidade, construído em sua homenagem.
No dia 5 de junho de 1863, na Fazenda Boa Vista, no município de Ipú, no Ceará, nascia Delmiro Augusto da Cruz Gouveia. Com o falecimento de seu pai na Guerra do Paraguai, Delmiro Gouveia foi morar em Pernambuco, estabelecendo-se na cidade de Goiana, no ano de 1868, e logo em seguida para a cidade do Recife no ano de 1872.
No ano de 1878, com a morte de sua mãe, Delmiro Gouveia iniciou a sua vida profissional como condutor e bilheteiro do bonde que fazia o trajeto entre Apipucos e Recife. Posteriormente, em 1881, passou a trabalhar como despachante em um armazém de algodão.
Em 1883, casado com Anunciada Candida, filha do tabelião da cidade pernambucana de Pesqueira, Delmiro Gouveia resolveu ingressar no comércio de couros de cabra e bode.
Delmiro Gouveia inaugurou em 1898, o Mercado do Derby, no centro de Recife, que era um moderno centro de comércio, serviços e lazer, edificado em uma área de 129 metros de comprimento, com hotel, velódromo, pavilhão de diversões e 264 boxes para a comercialização de produtos.
No dia 2 de janeiro de 1900, o Mercado do Derby foi criminosamente incendiado, dando ensejo a uma nova fase na vida do empreendedor, que passou a ter como cenário o estado de Alagoas. E este novo momento começou no povoado da Pedra, localizado no sertão alagoano, em uma estratégica área de fronteira com os estados de Pernambuco, Sergipe e Bahia. Na época, a estrutura da região era muito precária, sem abastecimento de água e com a presença, apenas, de uma estação da Ferrovia de Paulo Afonso e de algumas casas de taipa.
Ao chegar no sertão de Alagoas em 1903, Delmiro Gouveia adquiriu a Fazenda da Pedra, no sertão de Alagoas, e reiniciou a sua vida profissional, novamente atuando no comércio de couros de cabra e bode. Diante do potencial energético da Cachoeira de Paulo Afonso, iniciou a construção da primeira usina hidrelétrica do Brasil, a Angiquinho, inaugurada em 26 de janeiro de 1913. No local ele construiu uma vila operária, escolas, estradas e o fornecimento gratuito de água e energia para a região do Povoado da Pedra.
Em 1914, Delmiro Gouveia construiu uma fábrica que tinha a marca Estrela de carretéis de linha como selo da Companhia Agro Fabril Mercantil (razão social da empresa) na época da sua fundação, para a produção de fios e linhas de costura, que utilizava a energia da Usina de Angiquinho e empregava 2.000 operários brasileiros. A fábrica tornou-se referência na época, passando a comercializar seus produtos no Brasil e a exportar para o Peru e o Chile.
Toda a ascensão de Delmiro Gouveia, passou a ser uma ameaça para o “coronéis” da região. A poderosa fábrica inglesa Machine Cottons, que também produzia fios e linhas de costura passou a pressionar o irredutível Delmiro Gouveia em busca da aquisição de sua fábrica.
No dia 10 de outubro de 1917, às 20h30, em frente ao seu chalé, perto da Fábrica Companhia Agro Fabril Mercantil , Delmiro Gouveia foi assassinado com três tiros, aos 54 anos de idade.
O comando da Fábrica foi assumido pelo sócio italiano Lionelo Iona e Adolpho Santos até 1924. Pouco tempo depois, os destinos da indústria são passados para o filho de Delmiro Gouveia, Noé. Nesse período, desaparece a linha Estrela e a Fábrica foca a produção propriamente na indústria têxtil.
A Companhia Agro Fabril Mercantil é vendida em 1926, ao grupo empresarial pernambucano Irmãos Menezes e Cia, administrado pela família Lacerda de Menezes. Este grupo manteve-se a frente do empreendimento até 1986. Neste ano, a Fábrica foi vendida ao grupo Cataguases Leopoldina do empresário mineiro Ivan Müller Botelho, passando a chamar-se Multi Fabril Nordeste S/A.
Em 1992, a Multi Fabril Nordeste S/A, foi vendida ao grupo empresarial alagoano Carlos Lyra, com quem permanece até hoje com a denominação Fábrica da Pedra S/A - Fiação e Tecelagem. O Grupo Carlos Lyra apostou e investiu na aquisição de modernos equipamentos de última geração para a fiação “open-end” e os teares de pinça e a jato de ar, para a tecelagem.
Crise
A crise na Fábrica da Pedra começou em março de 2016, devido a um débito de energia com a Eletrobras, valor esse que segundo a diretoria da empresa seria de R$ 1,265.000,00. O não pagamento deste débito ocasionou o desligamento da energia e suas atividades foram paralisadas temporariamente. Para tentar pagar o débito, a direção da Fábrica solicitou junto a Eletrobras um acordo parcelando o valor em 36 vezes, mas a Eletrobras não aceitou e com isso agravou ainda mais a situação da empresa.
A Fábrica possuía um quadro com cerca de 583 funcionários, muitos tiveram férias coletivas devido a paralisação. Em dezembro de 2016, a direção da empresa resolveu demitir cerca de 150 funcionários, agravando ainda mais a crise, já que não estava mantendo condições financeiras para manter os funcionários na empresa.
Devido a todas essas questões, funcionários, ex-funcionários, comerciantes, estudantes e a sociedade delmirense realizaram várias manifestações em protesto contra o não fechamento da Fábrica da Pedra. As manifestações foram realizadas em frente à Fábrica da Pedra, na sede da Eletrobras e pelas ruas de Delmiro Gouveia.
Fechamento da Fábrica
Imagem Adalberto Gomes |
No dia 23 de janeiro de 2017, funcionários, ex-funcionários da Fábrica da Pedra, estudantes e a população delmirese estiveram reunidos em frente à guarita da Fábrica da Pedra, realizando um ato de manifestação contra o fechamento da Fábrica da Pedra.
Os funcionários utilizaram cartazes cobrando das autoridades uma solução para que a Fábrica possa funcionar normalmente, emocionados ouviram o hino de Delmiro Gouveia e do Brasil. Ainda em frente da Fábrica, fizeram um círculo e rezaram de mãos dadas, logo depois percorreram a avenida Castelo Branco, passando pela Câmara de Vereadores, pela Prefeitura Municipal de Delmiro Gouveia até à frente da Fábrica da Pedra, durante a caminhada foram pedidos para que os comerciantes baixassem as portas dos comércios em solidariedade a manifestação.
Memorial em homenagem a Delmiro Augusto da Cruz Gouveia
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O Memorial foi construído na Praça Delmiro Gouveia (Praça do Cruzeiro como é mais conhecida), local onde Delmiro Gouveia viveu e foi assassinado no dia 10 de outubro de 1917. O prédio tem uma sala multimídia para a exibição de filmes e documentários, sala de exposição permanente sobre a vida de Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, sala para reuniões e uma estátua em tamanho natural, reproduzindo o último momento de vida de Delmiro Gouveia.
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Por Redação Blog Adalberto Gomes Notícias com informações da enciclopédia colaborativa Wikipedia sobre a história de vida de Delmiro Gouveia
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