Eleições presidenciais 2018 e o fator surpresa - Por Edmá Jucá

Edmá Jucá
Tecnicamente ninguém está na frente ou atrás. Não é hora de conjecturas, sobretudo quando temos um importantíssimo julgamento para o dia 24 de janeiro do corrente ano. Alguns estão se alvoroçando como se já fosse o segundo turno que tradicionalmente sempre aconteceu num país cheio de contradições como o Brasil e nós ainda nem definimos as marchinhas de carnaval e quais candidatos serão envergonhados ou morrerão que nem peixe pela própria boca. Ficamos esses meses todos esperando chegar finalmente o grande ano das eleições presidenciais. 

O país está completamente à deriva, parado, inerte. E a culpa é do sistema presidencialista que coloca na figura de um redentor cada vez pior que o outro, concentrando todo poder e holofotes em suas mãos. Precisamos realmente encontrar um modelo que funcione porque desde o fim da ditadura militar e a redemocratização a nação olha para a capital federal, descrente e esperançosa, numa angústia e tensão ferrenha à espera de salvadores milagrosos que nunca aparecem e nunca chegarão. 

O fato é que se não descentralizarmos Brasília e aproximarmos o cidadão das decisões federativas que impactam o desenvolvimento das regiões menos favorecidas e elevam os investimentos nos lugares em condições e infraestrutura melhores, não resistiremos ao incêndio que o aumento da gasolina e do gás está causando no bolso do pobre trabalhador. Um presidente precisa ter um olhar para o futuro e compreender onde está e por que chegamos aqui e estacionamos. Precisa ter a elegância de um diplomata de carreira com capacidade de dialogar com as múltiplas frentes e tendências ideológicas. Os congressistas, por outro lado, precisam caminhar em sintonia com o Executivo. E o povo, este povo que tem todo tempo do mundo pra assistir o futebol religiosamente e não se importar com as decisões políticas, precisa urgentemente acordar, ir pra rua, assistir as votações do congresso diariamente. Aliás, seria muito bom que os parlamentares fossem obrigados por lei a comparecer a todas as sessões e que elas acontecessem de segunda a sexta. 

Cobrar transparência e aplicação correta nos Estados e municípios deve ser o compromisso de cada um de nós. Porque de nada adianta falarmos dos parlamentares de Brasília e esquecermos aqueles nossos velhos amigos e raposas das nossas cidades que desfilam com o nosso dinheiro. Se conseguirmos mudar o pensamento dos nossos vizinhos e familiares, se trouxermos eles pra participar das sessões nas câmaras de vereadores e mostrarmos como é emocionante conseguirmos aprovar no orçamento determinando recurso pra fazer saneamento em nossa rua, nos preocuparmos com aquilo que está perto de nós e afeta diretamente as nossas vidas aí sim acredito que o Brasil poderá ter orgulho do seu povo. Porque não é o político que exerce transitoriamente aquele cargo que nos trará alguma saída. Somos nós, o povo. Sempre foi assim em toda história da humanidade. Percebam que o acirramento dos debates e tirar nossas atenções e foco dos problemas das nossas cidades é uma interessante estratégia pra os políticos locais continuarem engordando suas contas bancárias. Que o Brasil de 2018 possa agir rápido e frear a corrupção em todos os níveis. 

O maior problema do nosso país é o entretenimento, a diversão, a distração do que realmente importa. E daí ficamos à espera de uma segunda condenação de um semi-analfabeto ou de outros que nem comprovaram alguma capacidade técnica ou que são realmente honestos e sabem respeitar as divergências e diferenças e perdemos nosso precioso tempo aguardando o que já sabemos: eles não trazem fórmulas mágicas. Não trazem soluções prontas e nem mesmo estão realmente dispostos a fazê-las. Se conseguirmos mudar as coisas em nosso bairro, em nossa cidade formaremos um quebra-cabeças que vai se encaixando até conseguirmos ver o Brasil inteiro com segurança, educação, saúde, políticas públicas de inclusão etc. Agora, que tal essa turminha que vai votar pela primeira vez parar de agir como zumbis, escravos alienados desses profissionais da política e começar a cobrar prestação de contas do prefeito ou prefeita da cidade? Este é o grande fator surpresa que poderá nos mostrar que efetivamente podemos muito sem nenhum ator de comédia cheio de piadinhas machistas e ridículas que não tem respeito nem por si mesmo.
 
Por Edmá Jucá

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