MPE/AL, CBHSF e instituições de defesa do meio ambiente dão início à 7ª etapa da FPI do São Francisco
Imagem MPE/AL |
Lançamento de efluentes sólidos e
líquidos nas águas, captação irregular de recursos hídricos, supressão
de vegetação, comércio de animais silvestres, pesca predatória, gestão
inadequada de lixo e prejuízo aos patrimônios ambiental, histórico e
cultural. Esses são alguns dos danos ambientais que a 7ª Etapa da
Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco (FPI do São Francisco) visa combater em municípios alagoanos, a
partir desta segunda-feira (15), sob a coordenação do Ministério
Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) e com a participação do Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
Os promotores de Justiça Lavínia Fragoso
e Alberto Fonseca são os coordenadores da FPI do São Francisco, que
dará continuidade ao trabalho de diagnosticar os problemas que afetam o
“Velho Chico” e a população residente nos municípios ribeirinhos ou nas
proximidades do manancial. A operação também adotará medidas preventivas
e de responsabilização dos agentes causadores dos danos ambientais,
praticamente encerrando um primeiro ciclo iniciado em 2014.
“É importante informar que a FPI do São
Francisco, em Alagoas, é um programa de caráter fiscalizatório e
educativo, seguindo o exemplo de sucesso da FPI na Bahia, projeto que já
passou pelos 115 municípios da bacia do Rio São Francisco naquele
estado. Por aqui, a exemplo de lá, conseguimos reunir diversas
instituições que, no seu dia a dia, exercem, individualmente, o poder
fiscalizador no âmbito de suas atribuições específicas. A união desses
órgãos e entidades representa uma ótima oportunidade para que possam
ampliar a potencialidade de sua atuação na defesa da sociedade, do meio
ambiente e da saúde pública”, declarou a promotora de Justiça Lavínia
Fragoso.
Diretor do 2º Centro de Apoio Operacional do MPE/AL, o procurador de
Justiça Geraldo Magela enalteceu o papel fiscalizatório e educativo que
os servidores públicos exercem durante a Fiscalização Preventiva e
Integrada. "Vocês são os teimosos ou guerreiros do bem com a missão de
tornar o mundo melhor. Muitas vezes, as pessoas não fazem deste mundo
melhor por falta de quem o oriente, daí a importância da FPI do São
Francisco", disse ele.
A nova etapa terá o protagonismo de 24
órgãos estaduais e federais, além de instituições de classe e sem fins
lucrativos, com atribuição na esfera ambiental. Serão 11 equipes indo às
ruas todos dias: resíduos sólidos e extração mineral; produtos de
origem animal e vegetal; abastecimento de água e esgotamento sanitário;
ocupação irregular às margens do São Francisco e produtos perigosos;
aquática; centros de saúde; fauna; flora; educação ambiental; patrimônio
cultural e comunidades tradicionais; e a equipe base.
Cinquenta municípios integram a Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco em Alagoas e, nesta etapa, cinco serão
alvos da FPI no estado. Ao final da operação, será realizada uma
audiência pública para apresentar os resultados da fiscalização
preventiva integrada para os gestores municipais, representantes da
sociedade civil e organizações sociais da região. Ela será realizada no
dia 26 de maio, às 14h, no Planetário, localizado na margem do Lago
Perucaba, em Arapiraca.
A novidade desta edição da FPI do São
Francisco é a presença de dois peritos em saúde e segurança do trabalho,
que atuarão em conjunto na elaboração dos relatórios técnicos de
inspeção. Cedidos pelo Ministério Público do Trabalho em Alagoas
(MPT/AL), eles também vão atuar na fiscalização do trabalho nos alvos da
operação integrada, no que se refere à verificação da existência de
trabalho infantil.
“A atuação do Ministério Público do
Trabalho na FPI será de fundamental importância no que se refere à saúde
e segurança do trabalhador. Ressalto que, a partir de relatórios
produzidos pela FPI, o MPT já instaurou 16 procedimentos investigatórios
e um procedimento promocional, os quais resultaram na assinatura de
sete termos de ajustamento de conduta, no ajuizamento de três ações
civis públicas e na regularização voluntária em outros dois
procedimentos”, disse o procurador-chefe do MPT/AL, Rafael Gazzaneo
Junior.
As etapas
Toda nova etapa da FPI começa a ser
planejada com pelo menos quatro meses de antecedência. Inicialmente, os
coordenadores da Fiscalização e de cada uma das equipes discutem quais
cidades deverão ser visitadas e como as ações in locu serão postas em
práticas. Na sequência, é feito o levantamento dos alvos, na busca pelo
endereço correto de todos eles.
“Serão objetos de fiscalização nas
cidades serviços como esgotamento sanitário, abastecimento de água,
gerenciamento de resíduos sólidos, extração irregular de minérios,
desmatamento às margens do rio e pesca predatória. Os problemas
enfrentados pelo estado de Alagoas são, principalmente, ações de
supressão vegetal, que atingem as Áreas de Preservação Permanente, matas
ciliares e nascentes. O fim da vegetação leva a consequências graves,
como o assoreamento do Rio São Francisco”, destacou o promotor de
Justiça Alberto Fonseca.
Ao Ministério Público Estadual, por
exemplo, fica a atribuição de formalizar termos de ajustamento de
conduta (TAC) e fazer a propositura de ações civis públicas e penais
contra pessoas físicas e jurídicas de direito público e privado que
forem flagradas no cometimento de crimes ambientais.
O São Francisco
A Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco é formada pelo “Velho Chico”, principal curso d'água, e por um
conjunto de afluentes permanentes e temporários que deságuam nele. É
considerada a terceira maior bacia e a única que ocupa totalmente o
território nacional. Abrange 504 municípios (cerca de 9% do total de
cidades do Brasil) e percorre seis estados da Federação: Alagoas, Bahia,
Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, além do Distrito Federal.
O Rio São Francisco tem sua nascente
histórica na serra da Canastra, no município de São Roque de Minas,
situada em Minas Gerais, estado que realizará no segundo semestre sua
primeira etapa da FPI. Seu percurso atravessa a Bahia, passa por
Pernambuco, segue por Alagoas e termina na divisa ao norte de Sergipe,
onde acaba por desaguar no Oceano Atlântico. O Velho Chico possui área
de 638.576km², com 2.700km de extensão. Atualmente suas águas servem
para abastecimento, irrigação, geração de energia elétrica, turismo,
pesca e navegação.
Ao longo dos anos, vítima da degradação
ambiental do homem e da exploração das usinas hidrelétricas, o Rio São
Francisco tem pedido socorro. Desmatamento praticado para dar lugar às
monoculturas e carvoarias que comprometem o próprio São Francisco e seus
afluentes, provocando o fenômeno do assoreamento; poluição urbana,
industrial, minerária e agrícola; irrigação, que além dos agrotóxicos,
consome grandes volumes de água, muitas vezes furtada, haja vista que é
captada sem a devida outorga por parte da Agência Nacional de Águas e
órgãos dos estados; barragens e hidrelétricas que expulsam comunidades
inteiras e que impedem os ciclos naturais do rio; e o aumento da pobreza
e o abandono da população ribeirinha, que mais sofre com as
consequências de todos esses abusos são os principais problemas
diagnosticados no Velho Chico.
“O Comitê tem na FPI uma de suas
principais frentes de ação. Tanto assim, que é o maior financiador desse
projeto, cujo bom desempenho levou o CBHSF a duplicar o valor desse
apoio”, declarou Anivaldo Miranda, presidente da entidade.
Por Ascom MPE/AL
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