Em Alagoas, Psicóloga do HGE orienta pais sobre os perigos e horrores do “Baleia Azul”
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Psicóloga Rosania Lisboa alerta a pais e responsáveis por crianças sobre perigos do jogo "Baleia Azul" Thallysson Alves |
Do latim “jocus”, o jogo no dicionário significa gracejo,
brincadeira, divertimento. Diferente disso, a atividade ganha um novo
conceito, que pode estar atrelado ao vício, à maldade, ao perigo, ao
suicídio. Assim sendo, o jogo "Baleia Azul” está distante do conceito e
muito mais próximo de uma sociedade desorientada e de famílias
desestruturadas. É o que defende a psicóloga do Hospital Geral do Estado
(HGE), Rosania Lisboa, que faz um alerta aos pais e responsáveis por
crianças, mesmo sem o registro de casos em Alagoas.
Isso porque, segundo a psicóloga do HGE, o “Blue Whale”, que tem
suposta origem na Rússia, deve chamar a atenção dos pais para os
conteúdos que seus filhos estão ‘consumindo’ e produzindo nas redes
sociais e jogos via internet. Uma realidade que se deve ao fato do
“Baleia Azul”, em particular, ter ganhado essa denominação em alusão às
baleias encalhadas, que para os criadores é comparada ao suicídio.
E como o objetivo do jogo é cumprir 50 tarefas, que envolvem a
automutilação, a geração de dor em outras pessoas, o consumo de filmes
de terror e psicodélicos, culminando com o suicídio, Rosania Lisboa
orienta que os pais não percam de vista o que seus filhos estão fazendo
no dia a dia. Sem invadir a privacidade, mas com um diálogo franco e
aberto, ela recomenda o acompanhamento das crianças e adolescentes,
mostrando-os que há regras e limites para tudo o que é consumido.
“São jovens muito soltos, sem direção, que passam o dia todo na
Internet, sem qualquer acompanhamento familiar, carentes em amor. Muitos
sofrem, ou sofreram, algum tipo de violência ou não superaram algum
trauma. São pessoas que ainda não sabem enfrentar os desafios da vida,
estão desorientadas, apesar de aparentemente quietas e seguras aos olhos
de quem ver. Para alguns deles, o curador – pessoa que envia os
desafios para os jogadores – é a única pessoa que as ouvem, que nota a
sua existência”, analisa a psicóloga.
De acordo com a profissional, com experiência no atendimento a
crianças e adolescentes, essa realidade ultrapassa tranquilamente a
porta de quase todos os lares no mundo – isso quando existe uma porta.
Rosania Lisboa afirma que existe seleção para incluir novos
participantes no jogo e o perfil contempla jovens de 13 a 29 anos de
idade, de qualquer parte do mundo.
Na Rússia, aproximadamente 130 casos de suicídio suspeitos estão
sendo investigados. No Brasil, o suposto jogo parece já ter deixado
vítimas no interior do Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. Ao todo, sete
estados brasileiros estão investigando a ligação do suicídio com o
“Baleia Azul”.
Em Alagoas não há o registro de suicídio com ligação ao “jogo”,
entretanto o HGE, maior hospital público do Estado, assistiu 296 casos
de tentativa de suicídio em 2016 e este ano já atendeu 68 pessoas que
atentaram contra a própria vida por afogamento, arma branca, arma de
fogo, ingestão de comprimido, enforcamento, exposição ao fogo, contato
com produtos químicos, salto de altura e corte dos pulsos.
Preocupação dos pais
A existência do “jogo” já está nas rodas de conversa entre os
alagoanos. Para algumas mães, que acompanham seus filhos em recuperação
na Pediatria do HGE, a preocupação com a ousadia e invasão do “Baleia
Azul” é uma realidade. Elas acreditam ser o diálogo, a amizade e o amor,
os ingredientes combatentes aos “curadores”.
“Eu tenho cinco filhas, a mais nova tem 7 anos e a mais velha 22. Nós
moramos na cidade de Senador Rui Palmeira e todas elas já sabem da
existência do ‘jogo’. A orientação que elas têm é nunca confiar em
desconhecidos, então não seria diferente se aparecesse um convite. Além
disso, eu procuro ser amiga de todas elas, dividindo os momentos de
alegrias e tristezas”, disse a agricultora Josefa da Conceição Oliveira,
de 49 anos.
Do outro lado de Alagoas, mais precisamente em Japaratinga, a dona de
casa Cristina Braga, de 32 anos, também conta que o “jogo” já é de
conhecimento de seus filhos, de 10 e 8 anos de idade. Ela destaca que o
perigo oferecido pelos smartphones, tablets e computadores está além da
posse deles.
“Um homem já foi pego em via pública por mostrar a algumas meninas,
de aproximadamente 12 anos, fotos de homens pelados. Ou seja, ele estava
incitando a sexualidade sem elas utilizarem o celular, e elas não
tinham. Então não podemos acreditar que o fato de não ter o aparelho já
livra nossos filhos dos perigos da Internet. Nós precisamos atentar a
qualquer mudança de comportamento e físico, além de procurar conhecer as
pessoas que eles se relacionam”, alertou a dona de casa.
Por Blog Adalberto Gomes Noticias com Agência Alagoas
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