Comunidades quilombolas de Alagoas vendem produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos

             Em 2016, três associações comercializaram quase meio milhão de reais para o PAA
Imagem Olho D'Água das Flores
Para superar ciclo de pobreza e escassez de investimentos, uma comunidade quilombola do município de Cacimbinhas, localizado no sertão alagoano, decidiu investir no coletivo e resgatar tradições ancestrais para aumentar a renda dos seus 600 habitantes.

Moradores do território remanescente de Guaxinim, eles trabalham juntos para produzir bolo de milho, broa de fubá e frango caipira, e vender esses produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA). Além de Guaxinim, mais duas comunidades quilombolas em Alagoas produzem alimentos para o programa. Juntas, elas receberam R$ 464 mil em 2016.

As três associações de quilombolas venderam seus produtos por meio da modalidade Compra com Doação Simultânea. Nela, o MDSA compra alimentos da agricultura familiar e doa para creches, hospitais, escolas e entidades socioassistenciais.

“Temos que atingir as pessoas mais carentes do Brasil e os quilombolas são parte desse grupo. Este trabalho beneficia as duas pontas: ajuda os produtores rurais e as pessoas mais carentes, que necessitam de alimentação”, destaca o diretor de Apoio à Aquisição e à Comercialização da Produção Familiar do MDSA, José Paulo de Almeida.

O secretário da Associação Quilombolas de Guaxinim, José Augusto Malta da Silva, conta que as atividades começaram quando surgiram encomendas para produzir bolos de macaxeira. Ele lançou mãos dos anos de experiência como padeiro e desenvolveu quitutes especiais. As receitas mudam a cada ano e, agora, o coco ganhou destaque no preparo. “Buscamos produtos dos tempos dos nossos avós e resgatamos receitas antigas. Assim, mantemos nossa história viva”, explica ele.

Hoje, a associação possui 120 associados – destes, 32 se alternam na produção de bolos e broas, e dez criam frangos para aumentar a renda por meio do PAA. As receitas são compartilhadas em sala de aula – são duas turmas com oito e duas com sete alunos. A cada semana, as escalas de trabalho se alternam – o grupo que se dedicou aos bolos passa a preparar broas, e a capacidade diária de produção é de 300 quilos. Ao final de cada fornada, as unidades são pesadas e, após a venda, o lucro é dividido em partes iguais.

No início, supervisionados por um técnico da prefeitura, os associados trabalhavam individualmente. Em seus quintais, criadores de frango chegaram a comercializar 100 unidades em um mês. Ao perceberem que em grupo aumentariam o rendimento, decidiram unir forças. “Três associadas arrendaram um galpão e passaram a vender 400 unidades de frango todo mês. Juntos, driblamos a falta de experiência e de tempo. Também temos mais representatividades em feiras”, afirmou José Augusto Malta.

Em Olho D’Água das Flores, moradores do povoado remanescente de Sítio Guarani também comercializam bolos e broas para o PAA. Já na cidade de Major Izidoro, os moradores do vilarejo de Puxinanã produzem, além dos itens dos vizinhos, batata doce e carne de frango.

Por Ascom/MDSA

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