Senado Federal analisa quatro propostas para regularizar vaquejada
Em meio a
protestos de vaqueiros e criadores de cavalos, que pararam o trânsito
nesta terça-feira (25) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o
Senado analisa quatro propostas para regulamentar a prática.
Os
manifestantes protestam contra decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
que derrubou lei estadual regulamentando a vaquejada. Os ministros
acataram argumento de que a atividade impõe sofrimento aos animais. A
decisão torna a prática inconstitucional, uma vez que a Constituição
protege os animais contra a crueldade.
Na
segunda-feira (24), líderes do movimento foram recebidos pelo presidente
do Senado, Renan Calheiros. Ele se mostrou favorável à edição de norma
para regulamentar a vaquejada.
“Contem
comigo, nós estamos abertos, aqui no Senado, para ouvir todos os anseios
da população e garantir o respeito à diversidade da cultura e das
tradições brasileiras”, garantiu Renan.
Os
manifestantes que vieram a Brasília pedem urgência na legalização da
vaquejada e anunciam para o fim do dia uma cavalgada em frente ao
Congresso Nacional.
Patrimônio cultural
Em defesa
da vaquejada, três projetos (PLS 377/2016, PLS 378/2016 e PLC 24/2016)
classificam a atividade como patrimônio cultural brasileiro e uma
proposta de emenda à Constituição (PEC 50/2016) assegura sua
continuidade, desde que regulamentada em lei específica que assegure o
bem-estar dos animais envolvidos.
Autor da
PEC, o senador Otto Alencar (PSD-BA) quer encerrar a controvérsia em
torno da vaquejada incluindo no texto constitucional permissão para “as
práticas culturais de natureza imaterial que integram o patrimônio
cultural brasileiro e comprovadamente não submetam os animais à
crueldade”.
Ele também
é relator de um dos projetos sobre o tema (PLC 24/2016), que reconhece o
rodeio e a vaquejada como manifestações culturais nacionais e
patrimônios culturais imateriais.
Em voto
favorável ao projeto, Otto Alencar argumenta que a atividade já segue
normas estaduais que tratam da segurança dos animais, como a utilização
exclusiva de bois adultos, o uso de cauda artificial, a abolição de
esporas e a disposição de um mínimo de cinquenta centímetros de areia no
local das provas, para amortecer a queda dos animais.
O projeto
tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) e chegou a
entrar em pauta, mas manifestações contrárias dos senadores Antonio
Anastasia (PSDB-MG) e Cristovam Buarque (PPS-DF) resultaram em pedido de
vista, adiando a decisão sobre a proposta.
Na
discussão da proposta na CE, Lídice da Mata (PSB-BA) e Roberto Muniz
(PP-BA) apoiaram o projeto. Após passar pela comissão, o texto ainda
precisa ser votado pelo Plenário do Senado.
Empregos em risco
Também
tramitam na CE o PLS 377/2016, do senador Raimundo Lira (PMDB-PB), e o
PLS 378/2016, de Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ambos reconhecem a
vaquejada como manifestação da cultura nacional e aguardam designação de
relator.
O primeiro
projeto atribui como competência do Poder Público assegurar o
reconhecimento e a valorização da vaquejada como bem cultural imaterial.
Como
argumento, Lira afirma que a criação de gado e a figura do vaqueiro
marcaram a ocupação das terras do sertão nordestino. Ele ressalta que a
vaquejada, originalmente, representava o encerramento festivo do
trabalho de marcar e castrar o gado.
“Era a
festa da apartação. Feita a separação, acontecia a vaquejada, com provas
que mostravam a habilidade dos vaqueiros na lida com o gado”, disse.
Com o
tempo, observa Raimundo Lira, a atividade se tornou uma tradição, uma
prática cultural, o que justificaria sua manutenção. Além do valor
cultural, ele argumenta que vaquejada e rodeio geram 600 mil empregos no
país.
O
reconhecimento da vaquejada como manifestação da cultura popular também é
defendido no projeto de Eunício Oliveira. No texto, ele classifica a
prática como atividade recreativa ou competitiva e determina que esteja
submetida a normas da defesa sanitária animal.
O projeto
torna obrigatório aos organizadores da vaquejada a adoção de medidas de
proteção à saúde e à integridade física do público, dos vaqueiros e dos
animais.
Obriga,
durante a prática da vaquejada, a presença de um médico veterinário, que
atuará com árbitro de bem-estar animal, impedindo maus tratos. Esse
profissional poderá suspender a participação de animais que tiverem sua
integridade física colocada em risco.
O projeto
trata ainda do transporte dos animais, do espaço físico para realização
das competições e da segurança do público e dos competidores.
Por Ascom Agência Senado
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