Três promotores e dois delegados investigam operação com oito mortos em Delmiro Gouveia
Imagem Gazeta Web |
Os delegados
Mario Jorge Barros e Guilherme Iusten, ambos da Divisão Especial de
Investigação e Capturas (Deic), da Polícia Civil, foram designados, esta
manhã, para apurar as circunstâncias que culminaram na morte de oito
homens que seriam suspeitos de formar uma organização criminosa com
atuação no município de Delmiro Gouveia. Três promotores do Ministério
Público Estadual (MPE), que atuam naquela comarca, também instauraram
inquérito para checar como se deu a operação.
De acordo com a
assessoria de imprensa da Polícia Civil de Alagoas, a designação dos
delegados especiais foi expedida, por meio de portaria, pelo
delegado-geral da instituição, Paulo Cerqueira. A determinação será
publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (1º).
Já o promotor
João Batista dos Santos informou, à Gazetaweb, que a investigação em
torno do caso foi aberta e ainda nesta quarta-feira os três
representantes do MPE devem pedir esclarecimentos ao delegado Rodrigo
Cavalcante, titular da Delegacia de Delmiro Gouveia e responsável por
comandar a ação policial dessa terça-feira com o suporte de militares do
9º Batalhão.
"Vamos
conversar com o delegado ainda hoje para pedir informações precisas e
aprofundadas sobre o que aconteceu nesta ocorrência. Queremos saber como
se deu a ação, como agiram os policiais e como se comportaram as
pessoas que foram baleadas e acabaram morrendo. É preciso entender as
circunstâncias de como tudo se deu", compreende.
Ele disse
entender que a sociedade precisa de segurança - e isto, na opinião dele,
foi visto nessa terça-feira. "No entanto, a segurança pública também
deve andar em paralelo com os Direitos Humanos", avalia. Para o
promotor, a atividade policial deve ser investigada para atestar se
estava dentro dos padrões da legalidade, como está reafirmando a cúpula
da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP).
O promotor
revela que são cada vez mais frequentes casos de roubos a banco e outros
delitos nas cidades de Delmiro Gouveia, Água Branca e Olho d'Água do
Casado. E chama a atenção, segundo ele, o aumento de violência em toda a
região sertaneja, sendo necessária a intervenção policial urgente. No
entanto, a maneira como as operações são montadas também é motivo de
fiscalização.
"É óbvio que os
militares devem agir se forem recebidos à bala. O policial não pode
morrer e precisa reagir. E o que vamos descobrir é se a atitude deles
foi correta na referida operação", comenta.
Os inquéritos policiais nas duas esferas têm prazo legal de 30 dias para conclusão.
Operação
A cúpula da
Segurança Pública e os responsáveis por montar a operação sustentam que o
ato dos policiais foi legal, dentro dos padrões rotineiros e em
legítima defesa, levando em consideração que a quadrilha investiu contra
as guarnições (algumas descaracterizadas), atingindo o colete à prova
de balas de um dos militares do 9º Batalhão.
Porém,
a versão apresentada pelas autoridades policiais, durante entrevista
coletiva, já é motivo de desconfiança por parte da Comissão de Direitos
Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas. O grupo
informou à imprensa que vai pedir esclarecimentos para tirar as dúvidas.
Fotos dos suspeitos mortos empilhados dentro da carroceria de uma
caminhonete da Prefeitura de Delmiro foram amplamente viralizadas pelas
redes sociais. O delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, vai
designar hoje um delegado especial para investigar as circunstâncias.
Até
ontem à noite, cinco mortos foram identificados pelos nomes: eram
Márcio Bezerra de Lira, Emerson Barbosa da Silva, Nilton Araújo Dantas,
Fabiano Silva Santos e Jonathan Robson Silva Santos. À imprensa, a
cúpula da Segurança passou o apelido dos oito: "Big", "Oinha", "Beixo",
Jonathan, Márcio, Robson, "Miltinho" e "Priquitinho". Os corpos foram
recolhidos ao Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca sem que a
perícia no local fosse feita pelo Instituto de Criminalística (IC). O
delegado Rodrigo Cavalcante, de Delmiro Gouveia, justificou que o
procedimento não foi feito por ainda haver pessoas vivas no local e pela
distância e tempo que os peritos levariam para chegar até a residência.
Os
oito que estavam na casa foram mortos, sendo que um deles foi atingido
pelos tiros no telhado onde tombou. O corpo dele foi resgatado por
militares do Corpo de Bombeiros. Dentro do imóvel, a polícia diz que
foram encontradas 2 espingardas do calibre 12, uma pistola 380, 3
revólveres 38, outro do calibre 22, além de munições de calibres 12, 38 e
32, mais 3 kg de maconha, colete à prova de balas, duas motocicletas,
balaclavas, R$ 1.800 e balança de precisão.
Por Gazetaweb.com
Nenhum comentário