Alunos da Ufal em Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema questionam falta de professores e de estrutura

Estudantes dizem que problemas afetam qualidade de ensino. Gestores expõem que crise financeira pode retardar melhorias.
Campus da Universidade Federal de Alagoas no Sertão (Foto: Waldson Costa/G1)
Estudantes do campus da Ufal no Sertão enfrenta dificuldades estruturais (Foto: Waldson Costa/G1)

Inaugurado há pouco mais de 6 anos no município de Delmiro Gouveia, o campus Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) apresenta diversos problemas administrativos e estruturais que ameaçam a qualidade do ensino da instituição de educação superior, considerada a principal do estado de Alagoas.

Com o total de 2.133 estudantes vinculados aos 8 cursos ofertados nas unidades Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema, as reclamações dos alunos giram em torno da falta de professores efetivos, de laboratórios e insumos para pesquisas, das condições da biblioteca, além dos problemas no auditório que está interditado e do Restaurante Universitário (RU), que mesmo inaugurado, nunca serviu sequer uma refeição.

“A situação do Campus é muito séria e está prejudicando a qualidade do ensino e os estudantes. O quadro de professores é insuficiente e não atende a todas as disciplinas. Isso resulta em atraso na grade e na formação dos alunos porque há dificuldade até para se conseguir orientador”, explica o representante do Centro Acadêmico de História, Igor Ribeiro.

Segundo ele, além dos problemas com recursos humanos, há também os estruturais.
“Outra questão é quanto aos espaços inutilizados do campus. O Restaurante Universitário foi inaugurado no ano passado, mas nunca funcionou. O auditório principal está interditado há anos devido a um problema no teto. Além disso, há também insatisfação com a grade curricular de alguns cursos”, completa Ribeiro.

Ao enfatizar dificuldades semelhantes a representante do Centro Acadêmico do curso de Engenharia Civil, Karla Juliana Costa, conta ainda que devido à falta de professores, algumas turmas do curso tiveram que pagar disciplinas em formato modular de apenas 2 meses e que a ausência de um sistema de segurança adequado na biblioteca prejudica os alunos.

“Quando falamos de laboratórios, lembramos que há ausência de alguns que são extremamente importantes, a exemplo do laboratório de Topografia. Não há como estudar engenharia sem um espaço específico para pesquisa. Além disso, encontramos também dificuldades de acessar livros, pois a biblioteca não possui um sistema eficiente de controle de empréstimos”, relata Karla Juliana.

Problemas x Crise

Em nota encaminhada à reportagem do G1 pela assessoria de imprensa, o vice-reitor da Ufal, José Vieira, afirma que os problemas não são por falta de planejamento da universidade, mas um reflexo da contenção de despesas gerada pela crise econômica e política do país.

"Ao saber das necessidades do campus, a Gestão enfrenta, sem temor, o desafio de equacionar com inteligência e transparência o uso dos parcos recursos disponíveis, numa conjuntura de contingenciamento que aponta para o agravamento no próximo ano – com um corte linear de 22% do orçamento para 2017. O que, em números absolutos, pode chegar a R$ 31 milhões”, diz trecho da nota.

A Reitoria da Ufal informa ainda que um concurso realizado este mês deve contemplar mais professores efetivos para as unidades do interior, atendendo às diversas áreas que apresentam deficiência de docentes.
Ufal teve um corte de 22% no orçamento para 2017. Valor que pode chegar a R$ 31 milhões.
Sobre os problemas estruturais, a Ufal explica que apesar da entrega e inauguração do prédio do RU, falta contrato de mão de obra para operação do restaurante, que ainda não possui equipamentos suficientes e nem mesmo orçamento para compra de alimentos.

“Apenas a obra foi entregue à nova gestão, inclusive sem autorização da concessionária local de energia, pois o projeto ainda estava sendo aprovado. Todas estas medidas já estão sendo tomadas pela nova gestão para operação futura”, expõe outro trecho da nota.

Sobre as demais questões estruturais, a assessoria informou que o auditório possui problemas de infiltrações na cobertura há mais de 2 anos e que o problema existe desde a gestão anterior.

"A Empresa que executou o auditório já fez 3 reparos e não solucionou o problema. Assim, a Superintendência de Infraestrutura já moveu notificações, previstas em Lei (8666), solicitando laudo técnico a equipe da Coordenação de Infraestrutura do Campus do Sertão, para de forma técnica resolver o problema definitivamente”, diz a nota.

E acrescenta ainda que “a Gerência de Projetos, Obras e Serviços de Engenharia (Coinfra) já autorizou o montante de recursos necessários para a empresa de manutenção realizar todos os serviços necessários no Campus do Sertão através contrato 23/2015, no montante de R$ 490 mil". A previsão para os serviços, segundo a Ufal, fica a cargo da gestão de manutenção do Campus do Sertão.

Quanto aos laboratórios, foi informado que durante o programa Reitoria Itinerante foram feitas reuniões com os representantes dos laboratórios e definido orçamentos para equipamentos.

“No entanto, esses equipamentos dependem de licitação e pregão de compras. Tais medidas estão sendo feitas em parceria com Proginst e a Sinfra. No entanto, licitações de equipamentos específicos, muitas vezes importados, levam tempo para que as compras e todo o processo de licitação, orçamentação e compra se efetive”, diz a nota.

Por G1/Al

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