Justiça afasta prefeito de Canapi do cargo depois de operação contra desvio de recursos públicos
Celso Luiz |
O Juiz de Mata Grande determinou o afastamento imediato do prefeito
de Canapi, Celso Luiz, investigado pela Polícia Federal de ter comandado
um esquema que desviou mais de R$ 10 milhões dos cofres públicos em
menos de um ano.
O pedido de afastamento e o bloqueio de bens foram solicitados pelo
Ministério Público Estadual (MPE), através da promotoria de Mata Grande.
A saída de Celso Luiz do cargo foi confirmada durante entrevista
coletiva, na sede da Polícia Federal, onde ele prestou depoimento na
manhã desta sexta-feira (29).
Os secretários do município, apontados como participantes e
beneficiários do desvio, também foram afastados. O dinheiro desviado,
segundo a apuração da PF, era para beneficiar a equipe do prefeito e
também para ser utilizado nas eleições deste ano, quando o filho de
Celso tenta se eleger em Canapi e o seu irmão concorrerá em Inhapi.
“Desde que estou na área nunca vi coisa tão horrível desde a operação
taturana, que causam prejuízos inenarráveis a um município pobre do
alto sertão. Coisa de causar indignação em qualquer cidadão”, disse a
promotora Carla Padilha
Delegado Antônio Carvalho responsável pelo caso na PF disse que
chegou informações de que pessoas de Mata Grande estavam recebendo altos
valores vindos da prefeitura de Canapi. “Na investigação verificamos a
fraude na aquisição de fraldas e material de higiene infantil, no
contrato de transporte escolar. O dinheiro dos professores não estava
sendo repassado. Quem tinha feito empréstimo consignado no Banco do
Brasil não tiveram valores repassados ao banco e foram inseridas no SPC.
Todas essas ações foram objeto de fiscalização da CGU”, detalhou o
delegado.
Os envolvidos serão indiciados pelos crimes de apropriação indébita,
lavagem de dinheiro e peculato. A Polícia Federal chegou solicitar a
prisão do prefeito, mas teve o pedido negado pelo TRF, que expediu os
mandados da Operação Triângulo das Bermudas.
“Já identificamos dois núcleos de laranja, mas já temos fortes
indícios de outros núcleos. No núcleo ligado ao secretário de finanças,
sabermos que diversas pessoas passaram procuração para ele. Um deles
negou movimentação em conta. Ele teve movimentado em sua conta 1,8
milhão. A prefeitura alega ao MPE que foram contratos firmados entre ele
e a prefeitura. Ele disse ao MP ser proprietário de dois tratores, um
caminhão, beneficiário do Bolsa Família e pobre. Quem movimenta a conta
dele é o secretário e sua esposa”, disse o promotor José Carlos Castro
do MPE.
As investigações apontaram ainda que os depósitos geralmente eram
sacados em espécie, uma prática de burlar e complicar as investigações.
Os laranjas identificados até agora receberam R$ 9.286.790 milhões. “Nos
surpreendeu bastante pela complexidade e pelo número de laranjas
envolvidos. Um esforço muito grande nosso para precisar valores e sem
dúvida é de chocar o tamanho do desfalque praticado”, completou o
promotor José Carlos Castro.
Na residência dos prefeitos, os policiais federais encontraram uma mala com ligas usadas para amarrar o dinheiro.
Por Cada Minuto
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