Pílula do câncer se transforma na esperança de alagoanos no tratamento da doença
O surgimento de um medicamento supostamente capaz de reduzir tumores e
curar o câncer caiu como uma gota de esperança no tratamento da
aposentada Elizabete de Lima Bezerra, 64 anos. Diagnosticada com
metástase, ela luta contra a doença desde 2008 e, embora não sinta
nenhum sintoma, vê na fosfoetanolamina a possibilidade de cura.
A
aposentada revela que, atualmente, tem 15 tumores espalhados pelo corpo
e diz que "só um milagre" pode salvá-la. "Infelizmente, quando os
tumores se espalham, medicamentos convencionais não conseguem mais
eliminar o câncer. Hoje eu tenho tumores no fêmur, na bacia, no fígado.
Mas tudo começou pela mama direita", explica.
Sem perspectivas de
cura total, Elizabete se submente frequentemente a quimioterapias e
afirma que, apesar da suspensão da distribuição, feita pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), vai ingressar na Justiça para ter acesso a
fosfoetanolamina.
"Tomei conhecimento da 'pílular do câncer' e
busquei me informar sobre o assunto. Pelo que vi, o medicamento deve ser
encarado como uma alternativa e deve ser usado junto do tratamento
convencional, porque eleva a imunidade e torna visível as células
doentes. Por isso, eu estou estudando uma forma de entrar na Justiça",
ressalta.
Mas, apesar de demonstrar uma força surpreendente e
lutar pela vida há oito anos, Elizabete esbarra na burocracia para ter
acesso ao medicamento. "Para ingressar na Justiça, eu preciso de um
laudo que ateste a minha atual condição e informe os tratamentos que
tentei ao longo dessa caminhada. Porém, nenhum médico quer me fornecer",
ressalta.
A desconfiança se deve ao fato de não haver ainda
comprovação científica sobre a eficácia da pílula, que surgiu há cerca
de 20 anos em um laboratório de química da Universidade de São Paulo
(USP), mas que só ganhou "fama" no início deste ano, quando supostamente
teria apresentado resultados positivos em pacientes com o quadro de
metástase.
A substância chegou a ser liberada, após sansão da
presidente afastada Dilma Rousseff, mesmo contra a indicação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida provocou uma corrida
pela pílula, que seria distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Pílula do câncer segue sendo testada em laboratórios do Brasil/ imagem goolge |
Em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que
recebeu nove pedidos para o fornecimento do medicamento por meio de
ações judiciais, mas explicou que entrou com recursos usando como
argumento a decisão recente dos ministros do Supremo.
"Os
pacientes alegam que a fosfoetanolamina é, na verdade, um suplemento
nutricional e que, portanto, poderiam ter acesso ao medicamento. Mas,
nós usamos como argumento a decisão do STF, que suspende a distribuição
por falta de testes que comprovem a eficácia do produto", explicou James
Teotônio, coordenador da Assessoria Técnica da Sesau.
Questionado
sobre o número de ações que tramitam em Alagoas, o Tribunal de Justiça
informou que não há uma contabilidade oficial de processos. Porém,
ressaltou que a juíza Marclí Guimarães de Aguiar, da 1ª Vara Cível e da
Infância e Juventude da Comarca de Rio Largo, proferiu uma decisão, em
fevereiro deste, ano, na qual obrigava que o Estado de Alagoas e a
Universidade de São Paulo (USP) fornecessem o medicamento.
A
paciente beneficiada lutava contra um câncer de colo de útero. Na ação,
ela relatou que foi submetida a tratamento médico, mas que, devido ao
estado avançado da doença, não havia mais o que ser feito pela medicina,
senão tentar amenizar seu sofrimento através da chamada "pílula do
câncer".
Faltam testes
O
coordenador médico do serviço de oncologia da Unimed, Divaldo Rodrigues
de Alencar, explicou que, apesar das informações que se tem hoje sobre
"pílula do câncer", ainda não há dados suficientes que atestem a
eficacia para com os pacientes que sofrem com a doença. O especialista
ressaltou que, atualmente, existem vários medicamentos em teste e que
conseguem melhores resultados do que o material que por anos foi
produzido pela USP e doado a pacientes com câncer. "O uso indiscriminado
da substância, sem saber as consequências, é muito perigoso"..
Por Gazeta Web
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