Delmiro Gouveia Celebra 98 anos de morte de seu patrono, conheça a história do Pioneiro
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, filho
do cearense Delmiro Porfírio de Farias e da pernambucana Leonila Flora
da Cruz Gouveia, nasceu em 5 de junho de 1863, na Fazenda Boa Vista,
localizada no município de Ipú, no Ceará.
Em 1878, com a morte de sua mãe, Delmiro
Gouveia iniciou a sua vida profissional como condutor e bilheteiro do
bonde que fazia o trajeto entre Apipucos e Recife. Posteriormente, em
1881, passou a trabalhar como despachante em um armazém de algodão.
Em 1883, casado com Anunciada Candida,
filha do tabelião da cidade pernambucana de Pesqueira, Delmiro Gouveia
resolveu ingressar no comércio de couros de cabra e bode.
Logo obteve sucesso com a nova
profissão, passando a incomodar os seus concorrentes com a prática de
preços baixos e com uma forte influência no mercado, sendo, inclusive,
intermediador de negociações entre comerciantes locais e empresas de
exportação.
Em 1892, Delmiro Gouveia passou a atuar como gerente da filial de um curtume americano, onde outrora foi empregado.
Em 1898, tendo como referência à Feira
Internacional de Chicago realizada em 1893, Delmiro Gouveia inaugurou o
Mercado do Derby, no centro de Recife, que era um moderno centro de
comércio, serviços e lazer, edificado em uma área de 129 metros de
comprimento, com hotel, velódromo, pavilhão de diversões e 264 boxes
para a comercialização de produtos.
Em 1899, Delmiro Gouveia assumiu a
direção da Usina Beltrão e passou a ter conflitos políticos,
envolvendo-se, inclusive, com a filha bastarda do governador de
Pernambuco, Sigismundo Gonçalves, um de seus opositores.
Na eleição do ano de 1899, embora não
tenha sido candidato, Delmiro Gouveia percorreu o interior de Pernambuco
em campanha eleitoral, acirrando ainda mais a oposição que fazia a um
poderoso grupo situacionista, então liderado pelo vice-presidente da
República Rosa e Silva, que exerceu o controle da política em Pernambuco
de 1896 a 1911.
No dia 2 de janeiro de 1900, o Mercado
do Derby foi criminosamente incendiado, dando ensejo a uma nova fase na
vida do empreendedor, que passou a ter como cenário o estado de Alagoas.
E este novo momento começou no povoado
da Pedra, localizado no sertão alagoano, em uma estratégica área de
fronteira com os estados de Pernambuco, Sergipe e Bahia. Na época, a
estrutura da região era muito precária, sem abastecimento de água e com a
presença, apenas, de uma estação da Ferrovia de Paulo Afonso e de
algumas casas de taipa.
Já separado de sua esposa, que resolveu
retornar a casa dos pais, Delmiro Gouveia passou a viver com a filha do
governador de Pernambuco, Carmela Eulina do Amaral Gusmão, união que
resultou no nascimento dos filhos Noêmia, em 1904, Noé, em 1905, e Maria
Augusta, em 1907.
Em 1903, Delmiro Gouveia adquiriu a
Fazenda da Pedra, no sertão de Alagoas, e reiniciou a sua vida
profissional, novamente atuando no comércio de couros de cabra e bode.
Assim como ocorreu em Pernambuco, seu
novo empreendimento em Alagoas prosperou, transformando
significativamente a região e criando um novo centro comercial de
couros. Em 1909, Delmiro Gouveia já tinha refeito a sua fortuna,
retomando a liderança nos negócios.
Seus adversários políticos chegaram a
questionar, em Recife, a probidade de seus empreendimentos, o que deu
ensejo à seguinte resposta de Delmiro Gouveia:
“Si elles tivessem no sangue, nos nervos, nas faces, vergonha, e no organismo alguma coisa de energia e sentimento, deviam orgulhar-se de haver um homem do povo, pobre porém trabalhador, capaz de mostrar-lhes com exemplos que quem lucta pela vida com honradez, actividade e perseverança, póde conseguir uma posição na sociedade e, em vez de andarem pelas ruas, cafés, trens e esquinas empregando-se na maledicência, podiam dedicar-se ao trabalho proveitoso, que nobilita o homem e dá-lhe sempre o direito de confundir seus inimigos gratuitos”
Delmiro Gouveia, diante do potencial
energético da Cachoeira de Paulo Afonso, iniciou a construção da
primeira usina hidrelétrica do Brasil. Em 1913, após dois anos de
trabalho, a Usina de Angiquinho foi inaugurada.
Delmiro Gouveia também viabilizou a
construção de uma vila operária, escolas, estradas e o fornecimento
gratuito de água e energia para a região do Povoado da Pedra.
Em 1914, Delmiro Gouveia construiu uma
fábrica – a Fábrica da Pedra – para a produção de fios e linhas de
costura, que utilizava a energia da Usina de Angiquinho e empregava
2.000 operários brasileiros. A fábrica tornou-se referência na época,
passando a comercializar seus produtos no Brasil e a exportar para o
Peru e o Chile.
Toda a ascensão de Delmiro Gouveia, que
não só trazia benefícios para ele, como também para a população local,
passou a ser uma ameaça para o “coronéis” da região.
A poderosa fábrica inglesa Machine
Cottons, que também produzia fios e linhas de costura, passou a
pressionar o irredutível Delmiro Gouveia em busca da aquisição de sua
fábrica.
No dia 10 de outubro de 1917, às 20h30,
em frente ao seu chalé, perto da Fábrica da Pedra, Delmiro Gouveia foi
assassinado com três tiros, aos 54 anos de idade.
Local onde esta sepultado Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, conhecido como cemitério antigo. |
Galeria de imagens ( Arquivo pessoal Adalberto Gomes)
Por Redação Blog Adalberto Gomes Notícias
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