Imagem de menino morto na costa da Turquia gera comoção
Aylan
Kurdi, o menino refugiado sírio de três anos cujo afogamento causou
consternação ao redor do mundo, tinha escapado das atrocidades do grupo
autointitulado "Estado Islâmico" na Síria. Ele e sua família eram de
Kobane, a cidade que ganhou notoriedade por ter sido palco de violentas
batalhas entre militantes extremistas muçulmanos e forças curdas no
início do ano.
O
pai do menino, Abdullah, fugira com a mulher, Rehan, e outro filho,
Galip, para tentar chegar ao Canadá, onde vivem parentes da família.
Isso mesmo depois autoridades do país norte-americano terem negado um
pedido de asilo.
Da
família, apenas Abdullah sobreviveu à tentativa de travessia de barco
entre a Turquia e a Grécia, em que, além dos familiares, morreram pelo
menos outras nove pessoas.
Parentes
dos Kurdi no Canadá disseram à mídia canadense que o pai telefonou para
informar sobre a morte das crianças e da mulher. E que desejava voltar a
Kobane para enterrar a família.
Várias
fotos do corpo de Aylan na praia de Ali Hoca, em Bodrum, sendo
observado e depois levado por um policial turco, ganharam manchetes no
mundo inteiro e viraram símbolo do drama enfrentado por milhares de
refugiados sírios, afegãos e iraquianos que buscam recomeçar suas vidas
na Europa.
A
consternação aumentou com o surgimento, nas mídias sociais, de uma
imagem bem diferente das que tornaram Aylan famoso: nela, ele e Galip
são vistos sorrindo para a câmera, ao lado de um urso de pelúcia.
Teema
Kurdi, tia dos meninos que vive na cidade canadense de Vancouver, disse
ao jornal que vinha tentando conseguir uma travessia mais segura para
os parentes. Contou que financiava a estadia deles na Turquia, mas que
Abdullah tinha decidido entrar como refugiado na Europa por conta da
situação precária em que estariam vivendo.
Teema,
que emigrou para o Canadá há mais de 20 anos, entrara com um pedido de
asilo para os parentes. Mas nem mesmo o apoio de um parlamentar, que
entregou a solicitação diretamente ao ministro da Imigração, Chris
Alexander, sensibilizou as autoridades canadenses. O pedido foi negado
em junho.
De acordo com as leis do país, refugiados podem ir para o Canadá caso tenham apoio financeiro de pelo menos cinco cidadãos do país, mas apenas candidatos que tenham oficialmente recebido status de refugiados podem fazer o pedido.
E
a obtenção de salvo-conduto é complicada para os sírios que passam
pelos centros de triagem do Alto Comissariado da ONU para Refugiados na
Turquia. Sem o status de refugiado, não se pode deixar o país.
Aylan
e a família estavam em um pequeno bote que carregava 17 pessoas no
momento em que virou, nas proximidades do balneário turco de Bodrum. Um
outro bote, carregando 16 pessoas, também teria virado. Mas foram as
imagens do corpo do menino nas areias da praia que chocaram o mundo e
viralizaram na internet.
No
início da semana, a Guarda Costeira turca disse que, apenas nos
primeiros cinco meses de 2015, 42 mil pessoas foram resgatadas no Mar
Egeu. Na semana passada, foram mais de 2 mil.
Na
mesma quarta-feira, 02, em que Aylan morreu, 100 pessoas foram
resgatadas, também tentando atravessar da Turquia para a ilha grega de
Kos.
Fonte: Terra
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