Internações por acidentes de moto dobram ao longo de 10 anos em AL

Em 2005, foram 1.642 procedimentos de urgência; em 2014, 4.915.
Aumento da frota pode ter contribuído para elevação do índice no estado.


 O número de internações provocado por acidentes de moto mais que dobrou em Alagoas ao longo de 10 anos. De acordo com o Boletim de Acidentes de Trânsito da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), numa escala crescente entre 2005 e 2014, foram registrados no estado 28.875 internações para procedimentos médicos.
 Destas internações procedentes de traumas com motocicletas, 20.871 foram feitas no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, e 8.004 em unidades de emergência do interior do estado.

Em 2005, as unidades de emergência do sistema público de saúde do estado registraram 1.642 internações após acidentes com motos. Em 2014, o número passou para 4.957 internações. Já em 2015, segundo o boletim, até o mês de julho, Alagoas registrou 2.250 procedimentos médicos após acidentes com motos, sendo 1.718 no HGE e 532 em unidades de saúde do interior.

Com uma média anual de aproximadamente 2 mil internações após acidentes de moto, a taxa de mortalidade no estado, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, é a vigésima do país, com uma média que contabiliza 4,1 mortes a cada 100 mil habitantes em 2013.

 Número crescente que pode ter sido provocado, segundo o médico-cirurgião Amauri Clemente, que atua no HGE e atende casos de traumas provocados em acidentes, pelo aumento da frota de motocicletas e ausência de ações preventivas dos condutores no estado.

“A frota de motocicletas aumentou nos últimos anos 700% e, no mesmo período, o número de vítimas aumentou 900%. Isso é preocupante porque gera custos para o sistema de saúde. Em um levantamento feito em 2012, foi estimado que o tratamento médio de uma pessoa vítima de trauma provocado por acidente de moto é superior a R$ 100 mil", expõe Amauri Clemente.

Ele explica ainda que o valor pode dobrar caso seja calculado o custo previdenciário e de tratamento que podem ir além do esperado. Quanto aos custos público de tratamento dos acidentes de trânsito, o médico relata que em 2012 foi aplicado R$ 1,15 bilhão no sistema público de saúde para tratamento de traumas. Desse montante, R$ 250 milhões foram destinados às vítimas de acidentes de trânsito.

 Frota e custos

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em dezembro de 2004, Alagoas possuía 51.144 motocicletas e 6.858 motonetas (as tradicionais 'cinquentinhas'). Até julho deste ano o estado tem registrado na frota 234.961 motocicletas e 34.101 motonetas.

Já a planilha de custos do HGE mostra que 2007 a unidade de emergência gastou R$ 110.436,81 com atendimento de traumas em pacientes vítima de acidentes de moto. Em 2014, foram destinados para este tipo de procedimento R$ 391.996,53.
Os valores estimados pelo HGE correspondem apenas ao custo médio do procedimento de emergência, não levando em consideração todas as etapas do tratamento necessário para recuperar a vítima.

Riscos e traumas

Quanto à vulnerabilidade do transporte de duas rodas que tomou as ruas do país, o médico alerta que um indivíduo que faz uso de motocicletas tem 14% a mais de probabilidade de sofrer acidentes do que a pessoa que faz uso de carro.

“A moto é considerada um transporte de agravante moderado-grande. E os piores traumas provocados em acidentes de trânsito possuem relação com as motocicletas. Tanto que em 50% dos acidentes de moto, a vítima morre no local antes de receber qualquer atendimento médico”, completa Amauri Clemente.


Vítima de um acidente de moto na BR-316, no município de Pilar, a servidora pública Maria Gorete Gonçalves, 34, enfrenta a maratona do tratamento médico internada no HGE, em Maceió.

“Estava com meu esposo na moto quando fomos atingidos por um carro. Com o impacto, sofremos diversas fraturas. Em 12 dias eu já estou na terceira cirurgia e devo passar por mais uma ainda aqui na emergência. Depois passarei por uma avaliação para saber se precisarei de fisioterapia”, conta.
Segundo ela, depois do trauma físico e emocional enfrentado por conta do acidente, a família pretende não fazer mais uso de motocicletas. “Esse foi o primeiro acidente que eu e meu esposo sofremos de moto. Trauma suficiente para nunca mais fazer uso de motocicleta. A moto é um transporte que ninguém respeita. Os motoristas quando estão no carro esquecem que há pessoas também na moto”, diz Maria Gorete.
Por G1


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