Milagre da vida continua nas mãos abençoadas da parteira do Mumbaça
Aos 83 anos, dona Odete é a parteira mais famosa da região. Sozinha, já realizou o parto de cerca de mil crianças
Dona Odete, 83 anos, é a parteira mais famosa da região; já as irmãs Cássia Barbosa e Katiely Barbosa produzem artesanato para sobreviver; na sequência de imagens, família de dona Maria Irene dos Santos espera ações do Governo no lugar Paulo Rios |
A série de reportagens sobre o quilombo Mumbaça encerra contando
um pouco da história de outros personagens importantes no dia dia da
comunidade. Além de dona Cliselídia, o quilombo Mumbaça
conta com outra mulher distinta. Trata-se de dona Valdinete Messias,
conhecida como Odete. Aos 83 anos, ela é a parteira mais famosa da
região. Sozinha, já realizou o parto de cerca de mil crianças. “Faço
isso desde os meus 21 anos, aprendi sozinha, acredito que seja um dom”,
diz.
Na comunidade, a maioria dos partos foi realizada por ela. Só da dona
de casa Lucelina dos Santos, de 40 anos, a aposentada realizou os
partos dos seus 11 filhos. “Eu vou a hora que as pessoas precisam. Nunca
fui em hospital, aprendi sozinha, foi um dom. Nunca tive filhos, criei
um dos que eu fiz o parto e que perdeu a mãe. São curiosidades da vida
que ninguém sabe explicar. Sou feliz por viver toda minha vida neste
local. Só precisamos ser mais assistidos”, destaca a parteira.
As irmãs Cássia Barbosa, de 32 anos, e Katiely Barbosa, de apenas 12
anos, também são exemplos de dignidade e de resistência para superar as
dificuldades no Quilombo Mumbaça. Elas produzem o artesanato para ajudar
no sustento da casa.
Após a morte dos pais, Cássia, desde então responsável pela família,
trabalha mais de 20 horas diárias para sustentar sete pessoas, entre
irmãos e sobrinhos que moram na residência deixada pelos pais. O
artesanato é um marco na geração da família das irmãs. Cássia aprendeu
com a mãe quando tinha apenas oito anos. Ela ensinou a irmã, que
atualmente também passa o que aprendeu para o sobrinho, de apenas seis
anos de idade.
“Nós lutamos muito, mas também amamos fazer nosso artesanato, nossas
costuras. Vendemos tudo em Propriá, cidade de Sergipe, porque na região
as pessoas não valorizam o artesanato próprio. Nossos bordados são
baratos, custam aproximadamente R$ 12 cada peça, por isso precisamos
produzir muitas para conseguir ter o que comer”, conta.
Governo do Estado ofertará em breve serviços à comunidade para amenizar sofrimento
O quilombo Mumbaça será a próxima localidade que vai receber o Dia D
do Governo Presente, ação do Governo de Alagoas, que reúne diversas
atividades voltadas para saúde, lazer e cidadania da população
alagoana. Os moradores estão ansiosos com a chegada da ação no município
e regiões circunvizinhas.
A família de dona Maria Irene dos Santos, de 58 anos, precisa
utilizar alguns serviços do Dia D, como o casamento coletivo. A filha de
Maria, a jovem Mariete dos Santos, de 27 anos, sonha com o casamento,
além disso, também precisa retirar alguns documentos. Dona Maria explica
que para conseguir é necessário se deslocar ao centro da cidade, em
Traipu ou Propriá, que sai caro e é longe.
Segundo ela, o Dia D do Governo Presente será muito importante. “Já
estamos esperando ansiosamente pela ação do governo, que vai trazer
dignidade para nós. A necessidade é imensa para nossa comunidade. Somos
esquecidos e assim, quem sabe, seremos relembrados”, finaliza a dona de
casa.
Por Blog Adalberto Gomes Noticias com Agência Alagoas
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