Alagoana é a primeira brasileira na final de um dos maiores concursos de gastronomia do mundo
O grande problema é que os cozinheiros já não estão dentro da cozinha. A TV mostra esse glamour que não deveria, diz Giovanna Grossi (Fotos: ) |
Aos 24 anos a chef Giovanna Grossi já está fazendo história. A alagoana é a primeira mulher brasileira na final mundial do Bocuse d’Or, um um dos maiores concursos de gastronomia do mundo, criado há quase 30 anos pelo lendário chef Paul Bocuse.
Giovanna é pupila do chef Laurent Suaudeau e está sendo preparada por ele para enfrentar os outros 23 chefs do mundo inteiro na final, que será em Lyon. Ela está agora fazendo um tour por alguns dos mais conceituados restaurantes da França, fazendo pequenos estágios."Foi uma surpresa incrível saber que iria representar o Brasil em um dos maiores concursos de cozinha do mundo", diz ela, que bateu um papo com a coluna:
Como reagiu ao saber que é a primeira mulher brasileira na final do Bocuse d’Or?
Eu me inscrevi na pré-seleção do Bocuse d'Or quando ainda morava na Europa, tinha a pretensão de voltar ao Brasil, mas buscava um motivo. Vi que as inscrições para o concurso estavam abertas, e acabei voltando. Nunca tinha participado de nenhum outro concurso, não esperava a vitória, estava lá para mostrar um trabalho bonito. Foi uma surpresa incrível saber que iria representar o Brasil em um dos maiores concursos de cozinha do mundo. Meus concorrentes eram chefs já com carreiras feitas no Brasil, era uma das únicas que ninguém conhecia, mais jovem e a única mulher... ninguém esperava, nem eu.
Como se preparou?
Passar essa etapa da pré-seleção brasileira já foi uma emoção muito grande. Mas sabia que não seria fácil passar da etapa seguinte, que era a etapa latino-americana. Eram dez países, e somente três seriam selecionados para grande final, e essa segunda vitória foi menos esperada ainda. Foram quase três meses de muito treinamento para conseguir chegar aonde chegamos. Fico muito feliz de ser a primeira mulher brasileira a chegar à final do Bocuse d'Or. As coisas estão mudando, mas o machismo ainda é grande, e as mulheres acabam perdendo um pouco o espaço dentro da cozinha profissional.
De que forma a gastronomia entrou na sua vida?
A gastronomia sempre esteve presente na minha vida, fui influenciada em vários sentidos. Neta de italianos, sempre comemos muito bem em casa. Meus pais também sempre foram do meio, sempre tiveram restaurantes e sempre estive presente e dentro desse mundo. Quando terminei a escola, decidi fazer faculdade de gastronomia para realmente entender e aprender as técnicas e o funcionamento de uma cozinha. E acabei indo para a França fazer um curso de seis meses de cozinha francesa, aí fiquei pela Europa trabalhando por quatro anos.
O que acha da popularização da profissão de chef?
O grande problema é que os cozinheiros já não estão dentro da cozinha. A TV mostra esse glamour que não deveria, e as escolas também acabam vendendo um título de chef que não existe. Na escola aprendemos a ser um cozinheiro. Ser chef vem com experiência, como em qualquer outra profissão. Mas acho que a popularização da profissão tem seu lado bom também, a gastronomia está ligada a nossa cultura, as pessoas estão mais interessadas em nossos próprios ingredientes, a tendência de cozinhar em casa, de reunir a família e amigos aumenta.
E essa moda da gourmetização? Hoje em dia tudo é gourmetizado, até o brigadeiro e a boa e velha pipoca... o que acha?
Criar novos sabores não quer dizer que o produto seja gourmet. Não consigo entender de onde vem essa moda. Acredito que a tendência hoje são produtos com mais qualidade, locais que não tenham de tudo. Sorveterias que utilizem frutas e não somente polpas, cafeterias com baristas que entendam sobre café, cervejarias de qualidade e etc.
Como reagiu ao saber que é a primeira mulher brasileira na final do Bocuse d’Or?
Eu me inscrevi na pré-seleção do Bocuse d'Or quando ainda morava na Europa, tinha a pretensão de voltar ao Brasil, mas buscava um motivo. Vi que as inscrições para o concurso estavam abertas, e acabei voltando. Nunca tinha participado de nenhum outro concurso, não esperava a vitória, estava lá para mostrar um trabalho bonito. Foi uma surpresa incrível saber que iria representar o Brasil em um dos maiores concursos de cozinha do mundo. Meus concorrentes eram chefs já com carreiras feitas no Brasil, era uma das únicas que ninguém conhecia, mais jovem e a única mulher... ninguém esperava, nem eu.
Como se preparou?
Passar essa etapa da pré-seleção brasileira já foi uma emoção muito grande. Mas sabia que não seria fácil passar da etapa seguinte, que era a etapa latino-americana. Eram dez países, e somente três seriam selecionados para grande final, e essa segunda vitória foi menos esperada ainda. Foram quase três meses de muito treinamento para conseguir chegar aonde chegamos. Fico muito feliz de ser a primeira mulher brasileira a chegar à final do Bocuse d'Or. As coisas estão mudando, mas o machismo ainda é grande, e as mulheres acabam perdendo um pouco o espaço dentro da cozinha profissional.
De que forma a gastronomia entrou na sua vida?
A gastronomia sempre esteve presente na minha vida, fui influenciada em vários sentidos. Neta de italianos, sempre comemos muito bem em casa. Meus pais também sempre foram do meio, sempre tiveram restaurantes e sempre estive presente e dentro desse mundo. Quando terminei a escola, decidi fazer faculdade de gastronomia para realmente entender e aprender as técnicas e o funcionamento de uma cozinha. E acabei indo para a França fazer um curso de seis meses de cozinha francesa, aí fiquei pela Europa trabalhando por quatro anos.
O que acha da popularização da profissão de chef?
O grande problema é que os cozinheiros já não estão dentro da cozinha. A TV mostra esse glamour que não deveria, e as escolas também acabam vendendo um título de chef que não existe. Na escola aprendemos a ser um cozinheiro. Ser chef vem com experiência, como em qualquer outra profissão. Mas acho que a popularização da profissão tem seu lado bom também, a gastronomia está ligada a nossa cultura, as pessoas estão mais interessadas em nossos próprios ingredientes, a tendência de cozinhar em casa, de reunir a família e amigos aumenta.
E essa moda da gourmetização? Hoje em dia tudo é gourmetizado, até o brigadeiro e a boa e velha pipoca... o que acha?
Criar novos sabores não quer dizer que o produto seja gourmet. Não consigo entender de onde vem essa moda. Acredito que a tendência hoje são produtos com mais qualidade, locais que não tenham de tudo. Sorveterias que utilizem frutas e não somente polpas, cafeterias com baristas que entendam sobre café, cervejarias de qualidade e etc.
Por Blog Bruno Astuto
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