Tesouro deixado pelos ingleses é abandonado no Sertão de Alagoas

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Um tesouro deixado pelos ingleses está abandonado dentro da caatinga do Sertão de Alagoas há mais de 100 anos. Trata-se de cinco pontes de aço puro fabricadas na Inglaterra, no século 19 e trazidas desmontadas em navios, pelo rio São Francisco e montadas nos municípios de Piranhas e Olho D´Água do Casado em 1881. Esse patrimônio da história de Alagoas está à mercê da ação de vândalos e caçadores de metal, que vendem no peso, peças como essas.

 Uma tentativa já ocorreu ano passado, quando um grupo cortava com maçarico, uma das pontes. O crime não foi consumado graças à ação do ambientalista e pesquisador Elizeu Gomes (Leleu), que foi avisado por moradores das proximidades. Leleu colocou o bando para correr.
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Na opinião de Leleu as pontes são verdadeiras obras de arte e testemunhas de um período importante do desenvolvimento do Sertão Nordestino. Esse achado necessita urgentemente de uma ação de preservação e guarda por parte das autoridades estaduais. Leleu aproveitou para cobrar das secretarias estaduais de cultura e também de turismo, uma ação rápida para restaurar e sinalizar esse patrimônio histórico e cultural que é visitado por turistas que realizam as trilhas na região.
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As cinco pontes têm mais de 100 anos e são muito bonitas. Algumas poderiam até ser desmontadas e colocadas no Centro Histórico de Piranhas ou de Olho D águas do Casado, para ser visitação dos pelos turistas, que não têm condições de caminhar pela caatinga. Seria uma grande atração para essas cidades.

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Trilha ecológica

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O guia de turismo e ambientalista Adalberto Inácio é um dos profissionais da região credenciados, que faz a “trilha do Imperador”, na caatinga. Graças a ele as pontes inglesas também permanecem sob vigilância voluntária.

O passeio realizado é uma volta no tempo, através do resgate da história do funcionamento da linha de transporte ferroviário, que era realizado entre a cidade de Piranhas e Jatobá, em Pernambuco. A linha férrea foi construída pela empresa inglesa Great Western em 1881.

A chegada da ferrovia no Sertão de Alagoas se deu graça à determinação do imperador Dom Pedro II, em levar o desenvolvimento para essa região tão castigada do Nordeste. A criação da linha de transporte à vapor, entre Penedo e Piranhas foi o primeiro passo para chegada da ferrovia no Sertão. O Transporte de  passageiros e mercadorias, que se destinavam a várias cidades do Sertão da Bahia e Pernambuco eram a justificativa econômica da época.
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Com a obra de construção da ferrovia Piranhas/Jatobá chegaram também os ingleses e também belgas, contratados para quebrar dormentes, já que segundo os historiadores, não havia mão de obra especializada na região. Com esses operários europeus trazidos, através de promessas ilusórias de ficarem ricos, veio também costumes e principalmente os traços da arquitetura inglesa, que hoje predomina em alguns prédios do Centro Histórico de Piranhas.

Essas características arquitetônicas estão presentes principalmente na antiga estação de passageiros, na torre da caixa d´água, transformada hoje no Café do Relógio e no casario do centro gastronômico de Piranhas. Esse traço da arquitetura britânica está presente em todas as estações de passageiros, que foram erguidas no século 19, ao longo do percurso da linha férrea Piranhas/Jatobá, como em Olho D´água do Casado, que está praticamente destruída e Delmiro Gouveia que foi transformada em Museu do Sertão e esta aberta à visitação pública.

Percurso

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O percurso é feito no verão logo pela manhã bem cedo, por volta das 8 horas, devido à alta temperatura. Os grupos formados são no máximo de 12 pessoas que parte do assentamento Nova Esperança e a duração são de 3 horas, com várias paradas para observação do bioma da caatinga e sítios de penduras rupestres.

Segundo o guia Adalberto Inácio durante o roteiro, o grupo tem a oportunidade de passar pelas cinco pontes inglesas de aço e fazer bonitas fotografias. Em trecho da trilha do Imperador, existe um riacho temporário muito bonito e é onde está a maior ponte. “É um dos lugares preferidos pelos turistas” disse ele.
Também há uma parada em uma agrovila para compra de mel e comidas típicas da região e o passeio termina no mirante da concha para o por do Sol.

Por Mozart Luna

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