Após ação civil pública, organizadores adiam vaquejada em Palmeira dos Índios
Associação aguarda decisão da justiça após pedido feito pelo Ministério Público
A
25ª Vaquejada Ulisses Miranda, que teria início nesta quinta-feira (10)
no município de Palmeira dos Índios, no interior de Alagoas, foi adiada
após determinação da organização do evento esportivo. A decisão foi
tomada após a 3ª Promotoria de Justiça de Palmeira dos Índios e a
Defensoria Pública Estadual ajuizarem ação civil pública ambiental - com
pedido de liminar - para proibir a realização do evento, que se
estenderia até 13 de novembro.
De acordo com Henrique Carvalho,
vice-presidente da Associação Alagoana dos Criadores de Cavalo Quarto de
Milha (ALQM), o pedido do MP já foi protocolado na Justiça, que deve
decidir sobre a realização ou não de mais uma edição da vaquejada em
Palmeira. A previsão é de que a 2ª Vara do município aprecie a matéria
até a meia-noite desta sexta-feira (11).
"Os organizadores
preferiram aguardar a Justiça e não tomar nenhuma medida precipitada, ou
seja, o evento não começa hoje. Caso a posição da juíza não seja
favorável, vamos recorrer ao Tribunal de Justiça. Isso é um absurdo",
comentou Henrique.
Para Henrique, também vice-presidente da
Comissão do Bem Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional
Alagoas (OAB/AL), a decisão do STF de proibir a prática esportiva não
atinge o país inteiro, apenas o estado do Ceará. "Foi uma decisão
isolada, e não, geral. Porém, pode ser que o Supremo estenda para o
país, mas, até agora, não. Inclusive, nem o acórdão da recente decisão
foi publicado".
Argumentos
Henrique
Carvalho também trouxe alguns argumentos que vão de encontro à ação
proposta pela Defensoria e Ministério Público. A primeira alegação,
segundo ele, é de que a vaquejada foi analisada e aprovada através de
laudos técnicos por 14 Conselhos Regionais de Medicina Veterinária
(CRMVs) e pelo próprio curso da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
"Respeitamos
todo o procedimento exigido para este evento. Tem protetor de caudas
para afastar fraturas, colchão de areia para amortecer a queda e não há
lesão muscular nem óssea. Não poder tocar no boi, não pode haver choque
elétrico no curral, além de ter água e comida o tempo todo. Por outro
lado, o vaqueiro tem que estar com capacete, é proibido chicote e
qualquer sangramento do boi desclassifica automaticamente o competidor.
Todo o evento ocorre sob os olhares dos juízes do Bem estar animal
bovino e equino. Além disso, os animais passam por vários exames
médicos", explicou Henrique.
Carvalho também informou que a
vaquejada já emprega, em Alagoas, 11 mil pessoas, sendo o 11º setor da
Economia que mais emprega no estado. "Com o fim da vaquejada, qual o
futuro dessas famílias? A Defensoria, que era para defender o
desprovido, ajuizou esta ação junto com o MP".
Ação civil
O evento promovido pela Associação dos Vaqueiros do Brasil teria início hoje, seguindo até o dia 13 de novembro, no Parque de Vaquejada Ulisses Miranda, no povoado Palmeira de Fora, em Palmeira dos Índios.
Para
a promotora de Justiça Salete Adorno Ferreira e o defensor público
Fábio Ricardo Albuquerque de Lima, os organizadores e participantes da
vaquejada praticam atos que caracterizam maus-tratos contra animais, uma
vez que lhes causam sofrimento, principalmente quando ocorre o puxão da
calda e a queda provocada pelo vaqueiro. No evento previsto para
começar nesta quinta-feira, haveria as modalidades de vaquejada com
bovinos e equinos.
Por Gazeta Web
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