Em Piranhas, por desmatar vegetação nativa em APP, empresa de piscicultura recebe multa; FPI do São Francisco combate fabricação clandestina de carvão vegetal
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Imagem Ascom MPE/AL |
A equipe Flora da FPI do São Francisco
flagrou, nesta quarta-feira (30), o desmatamento de aproximadamente 7
mil m² de vegetação nativa numa área de preservação permanente (APP)
localizada na zona rural do município de Piranhas, às margens do Rio São
Francisco. No terreno da empresa de piscicultura São Pedro, uma das
maiores da região no ramo, havia um aterro com diversas irregularidades.
A supressão ilegal da caatinga se deu no
local onde ocorreu a terraplanagem e na encosta que fora destruída. Sem
a proteção adequada, a obra facilita o deslizamento de terra e de
pedras em direção às águas do Velho Chico e também sobre os
trabalhadores. Segundo a FPI do São Francisco, a responsabilidade do
aterramento é do proprietário da empresa, Luiz Cavalcanti Xavier, e da
construtora contratada para a obra em destaque, a Almeida Construções
Ltda.
Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e do Instituto do
Meio Ambiente de Alagoas (IMA) acreditam que a terraplanagem nas margens
do Rio São Francisco podem ter sido realizadas para expandir a
atividade de piscicultura.
“Com o terreno desse jeito, a empresa
poderia utilizá-lo para manobra de caminhão, facilitando assim a
logística de distribuição, e aumento da estrutura de criação de peixes, a
partir da construção de depósitos de equipamentos e ração, por exemplo.
A certeza que nós temos é de que os danos são irreversíveis, mesmo com
uma reconformação do terreno”, disseram os técnicos dos dois órgãos
públicos, lembrando, que, a depender de acordo ou determinação judicial,
a empresa pode apresentar um plano de recuperação da área degradada.
Multa
Em virtude da supressão de mata nativa, o
IBAMA embargará a obra do aterro e aplicará uma multa de R$ 10,5 mil à
empresa por hectare de danos ambientais, conforme prevê o art. 43 do
decreto federal n. 6.514/2008.
De acordo com o dispositivo, é proibido
destruir ou danificar florestas ou demais formas de vegetação natural ou
utilizá-las com infringência das normas de proteção em área considerada
de preservação permanente, sem autorização do órgão competente, quando
exigível, ou em desacordo com a obtida.
A coordenação da equipe Flora destaca
que a destruição de área de preservação permanente só obtém
licenciamento ambiental em casos extraordinárias, como situações de
calamidade pública ou realização de obra pública de interesse social.
A FPI do São Francisco também solicitará
aos responsáveis pela São Pedro a outorga da Agência Nacional das Águas
para uso dos recursos hídricos no local.
Condução coercitiva
Dono da piscicultura São Pedro, Luiz
Cavalcanti Xavier chegou a afirmar à equipe de fiscalização que iria ao
encontro da fiscalização na manhã de ontem, mas não apareceu, nem
justificou ausência até o momento.
Também estavam ausentes dois tratores
encontrados na quinta-feira passada pelo IBAMA, quando a FPI do São
Francisco descobriu o dano ambiental, por meio das equipes Aquática e
Ocupações Irregulares. Além das fotos dos veículos no local, a equipe
Flora se deparou com vestígios da presença delas, como uma embalagem de
peça de trator e uma mancha de óleo diesel no solo.
Homens do Batalhão de Polícia Ambiental
chegaram a realizar a condução coercitiva de um gerente da empresa da
São Pedro, Osvaldo Fontes Moreno, para abertura de um inquérito policial
a fim de apurar as denúncia de crimes ambientais, depois de fazer o
boletim de ocorrência junto à autoridade policial competente.
No entanto, devido à paralisação dos policiais civis, a Delegacia de Delmiro Gouveia estava com as atividades suspensas.
Fábricas de carvão
Uma das maiores agressões para o bioma
da caatinga é a fabricação clandestina de carvão. Além do desmatamento,
que provoca a expulsão dos animais de seu habitat, ainda há uma produção
excessiva de fumaça poluidora prejudicando o meio ambiente e o homem
que moram nas proximidades dos fornos.
Sabendo dos perigos e graves prejuízos
que essa atividade acarreta ao meio ambiente a Fiscalização Preventiva
Integrada do Rio São Francisco da Tríplice Divisa, através da sua equipe
Flora, destruiu 17 fornos e apreendeu 30 sacos de carvão, além de 5m
cúbico de lenha pronta para ser carbonizada.
Os fornos destruídos estavam
localizados, principalmente entre os municípios de Senador Rui Palmeira e
Piranhas. Segundo os técnicos, os principais compradores levam o
material para o município de Arapiraca e só depois são vendidos para
ouras regiões do Estado.
“Essa é uma as maiores agressões que a
região recebe. Esses fornos são altamente poluidores, quando lança no
ar uma grande quantidade de gases tóxicos do processo de carbonização da
lenha”, disse a coordenação da equipe Flora.
Além dos gases a fabricação de carvão
provoca a supressão irregular e desmedida da vegetação da caatinga, já
que a lenha é matéria prima no processo.
"O desmatamento retira as casa dos
animais que acabam por invadir as casa, indo para o perímetro urbano ou
até mesmo morrendo. Além disso, o desmate provoca pontos desertos que
influenciam na quantidade de água nos rios. E por fim, isso tudo
interfere na vida do homem que afinal, faz parte de todo o meio ambiente
e eu tem a maior condição de cuidar isso tudo”, afirmou.
Mais imagens/ MPE/AL
Por Ascom MPE/AL
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