Durante fiscalização FPI resgata 2.040 animais, recupera e reintroduz a natureza
Durante a Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco da
Tríplice Divisa (FPI do São Francisco), uma verdadeira força tarefa,
envolvendo 10 profissionais entre biólogos, veterinários e estagiários
das áreas, esteve aposta para cuidar dos animais silvestres apreendidos
em cativeiro.
Um centro de triagem foi montado para que os animais fossem tratados e
analisados antes de sua reintrodução na natureza. Por lá passaram 2.040
animais, sendo a maioria pássaros, inclusive espécies ameaçadas de
extinção e outras não nativas da fauna alagoana.
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Imagem Ascom MPE/AL |
Os animais foram apreendidos enquanto estavam à venda em feiras ou mesmo
sendo criado em cativeiros, ato proibido claramente pela lei nº 9.605
/98, que expressamente proíbe a utilização, perseguição, destruição,
caça ou apanha de animais silvestres. Grande parte estava nos municípios
de Arapiraca, Olho D´Água das Flores, São José da Tapera,
Monteirópolis, Delmiro Gouveia, Piranhas, Olho D’Água do Casado,
Palmeira dos Índios e Mata Grande.
“O trabalho desenvolvido pela equipe de fauna é resgatar animais em
condições de maus tratos ou que são criados ilegalmente, sempre atrelado
à conscientização ambiental. Os animais que chegam na base para triagem
chegam em péssimas condições de má higiene, presos em gaiolas
praticamente do tamanho de seus corpos e com ausência de comida. Alguns
animais chegam enfermos ou debilitados”, afirmou Ana Cecília,
coordenadora do centro de triagem.
O setor foi dividido em sala de recebimento, logo quando os animais
chegavam; de triagem, onde foram vistos as condições de saúde de cada
animal; enfermagem, pensado para os animais que necessitavam de cuidados
dos veterinários; e o de destinação, para onde eram levados os animais
saudáveis e aptos a serem reintroduzidos.
“Nosso trabalho é lutar para salvar cada um deles, é deixá-los em
condições melhores, tratá-los e destiná-los corretamente. A equipe de
fauna da FPI é uma equipe que resgata, conscientiza, salva e liberta. E
nossa base ou nossa triagem foi pensada para os vários estágios que um
animal nessa situação de cárcere pode se encontrar”, declarou.
Soltos e recuperação
FPI do São Francisco resgata 2.040 animais; centro de triagem recupera espécimes antes da reintrodução na natureza.
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Imagem Ascom MPE/AL |
FPI do São Francisco resgata 2.040 animais; centro de triagem recupera espécimes antes da reintrodução na natureza
Dos mais de dois mil animais apreendidos, 1.292 foram reintroduzidos na
natureza em seis momentos diferentes. Com o término desta etapa da FPI, o
restante foi encaminhado para o Centro de Triagem de Animais Silvestres
(Cetas), que fica na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em Maceió.
Segundo a coordenadora, são levados para este centro os animais que
ainda não estão em condições de voltar para a natureza. “Vão para lá os
animais que estão com penas faltando, patas quebradas, em muda de penas
ou mesmo os que são tirados muito novos do ninho, principalmente os
periquitos e papagaios, que são retirados da natureza ainda muito novos e
a reintrodução fica bem complicada. Então, temos essa etapa no Cetas e,
se mesmo assim não houver condições de reintrodução, enviamos para
viveiros especializados em animais”, disse a veterinária em tom de
tristeza.
Animais em extinção
Ainda durante a Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco, os biólogos e veterinários se depararam com duas
espécies de pássaros ameaçados de extinção: os pintassilgo-do-nordeste e
a Araponga Barbela.
“Isso é uma tristeza. A araponga é uma ave bem rara e, pelo seu estado,
veio de muito tempo em cativeiro. Esses animais passam por maus tratos, a
situação de alguns é chocante. E os donos acham que, mesmo eles presos e
com pouca comida, estão sendo bem tratado. Não estão. E, como se isso
não bastasse, ainda encontramos animais na lista de extinção. Claro que
eles passarão por um período de reabilitação e retornarão para a
natureza”, afirmou.
Também foram encontradas espécimes que não são nativas da caatinga
alagoana. Segundo a coordenadora, foram encontradas exemplares do Trinca
Ferro Verdadeiro, com origem no sul e sudeste da Bahia e o Papa Capim
de Coleira, também encontrado originalmente no sudeste da Bahia.
FPI do São Francisco resgata 2.040 animais; centro de triagem recupera espécimes antes da reintrodução na natureza
“Esses animais, nós conseguimos transferir para a equipe de fauna da
Bahia, para que eles sejam reintroduzidos em suas regiões de ocorrência.
Só uma ressalva para os Papa Capim de Coleira, que foram levados para o
Cetas. Mas assim que eles estiverem reabilitados serão encaminhados
para seu habitat de origem”, disse.
Além dos pássaros, que foi a maioria dos animais resgatados, ainda foram
encontrados em condições de cativeiro repteis, como iguanas e jabutis, e
mamíferos a exemplo de macacos pregos. Alguns animais domésticos e
exóticos, como coelho, também foram resgatados por estarem em péssimas
condições.
Confira o vídeos da soltura dos pássaros no sertão de Alagoas
Por Ascom MPE/AL
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