Polêmica: Papa concede a padres decisão de perdoar quem comete abortos
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Foto: Reprodução / Instagram |
A carta
apostólica estabelece uma série de novas instruções para que a
misericórdia seja adotada como prática diária entre os católicos. Dessa
forma, os sacerdotes ficam livres para decidir perdoar ou não uma pessoa
que cometeu aborto. Isso abre caminho para médicos e mulheres que já
cometeram ou participaram de abortos. Até hoje, os dois eram impedidos
automaticamente de comungar na Igreja e o status só podia ser revertido
em casos específicos por bispos ou delegados.
“Com todas
as minhas forças, digo que o aborto é um pecado grave, porque coloca
fim a uma vida inocente”, afirmou o papa. Mas peço aos sacerdotes que
sejam guias e deem apoio e conforto no acompanhamento dos penitentes”,
ressaltou o líder católico “Para que nenhum obstáculo se coloque entre o
pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo, a partir de hoje, a
todos os sacerdotes, na força de seus ministérios, a faculdade de
absolver os que os procuram pelo pecado do aborto”, determinou
Francisco.
Além da
questão do aborto, o papa validou as confissões celebradas por
sacerdotes lefebrvianos e oficializou o trabalho dos “missionários da
misercórdia”, postos criados durante o Jubileu para “escutar e perdoar
os fiéis”. No texto, Francisco disse que a misericórdia é um “valor
social” que deve “restituir a dignidade de milhões de pessoas”. Por
isso, ele também criou o Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado em
toda a Itália católica.
Em um
claro recado à ala conservadora do Vaticano, o papa escreveu em sua
carta apostólica que “nada que um pecador arrependido coloque diante da
misericórdia de Deus pode permanecer sem o seu abraço e o seu perdão.
Comunicar a certeza do Deus que ama não é um exercício retórico, mas uma
condição de credibilidade do próprio sacerdócio”, disse Francisco.
Jorge Mario Bergoglio também usou a carta para responder a quatro
cardeais conservadores que lhe haviam questionado sobre a exortação
apostólica Amoris Laetitia (A Alegria do Amor), lançada em 8 de abril e
que fala sobre a família na sociedade atual. Assinada pelo cardeal
Raymund Leo Burke, a carta acusa Francisco de apoiar o reconhecimento do
divórcio. Como o papa não respondeu ao documento, os cardeais
resolveram torná-lo público.
“Quando o
caminho da vida nupcial é interrompido pelo sofrimento, pela traição e
solidão, a experiência da misericórdia nos permite olhar para todas as
dificuldades com a atitude do amor de Deus, que não se cansa de acolher e
de acompanhar”, ratificou Francisco. Dessa forma, o papa pede, mais uma
vez, que cada caso de separação matrimonial seja analisado de maneira
independente pelos sacerdotes.
O Ano
Santo Extraordinário da Misericórdia foi encerrado ontem (20), com uma
missa celebrada por Francisco no Vaticano diante de 70 mil pessoas.
Tradicionalmente, o Jubileu acontece somente a cada 25 anos. O último
tinha sido em 2000, portanto, só ocorreria em 2025. Mas Francisco
resolveu convocar um Jubileu extraordinário com o tema da Misericórdia. O
Ano Santo foi iniciado em novembro de 2015 e encerrado agora.
Por Agência Ansa
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