Falta de profissionais faz aumentar carga de trabalho de carteiros em AL

                                                 Sindicato denuncia más condições e acúmulo de roteiros de entrega.
Railda trabalha há 20 anos como carteira em Maceió (Foto: Carolina Sanches/G1)

 Uma profissão que não se perdeu com o avanço da tecnologia foi a de carteiro. Apesar de pouca gente mandar cartas, o trabalho de entrega de correspondências continua intenso, mas em Alagoas, as reclamações de atraso de correspondência têm sido constantes e trazido à tona a carência de profissionais da área.

São cerca de 660 profissionais da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Brasil que percorrem ruas em diversos bairros da capital e do interior de Alagoas. Mas muitos deles acabam se afastando com Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), e a demanda recai sobre os que estão na ativa.

A reportagem do G1 acompanhou a rotina de Railda da Silva Duarte, 43, a primeira mulher a trabalhar como carteira em Alagoas. Durante o trajeto, ela ouviu o relato da porteira Maria Roseane, que trabalha em um condomínio no bairro do Farol, sobre o atraso nas correspondências.

"Fico ouvindo as reclamações dos moradores que param aqui na portaria para cobrar alguma correspondência. O problema é que o carteiro que cobria essa área está afastado", explica Roseane.

E é esse afastamento que faz aumentar a carga de trabalho dos carteiros. Railda conta que a maioria deles precisa fazer o roteiro dos que estão afastados. “Ficamos com uma parte do distrito de outra pessoa que está afastada. Antes de irmos para o nosso, vamos para a rota alternativa e isso acaba atrasado o trabalho”.

Railda e os outros 28 funcionários do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) no bairro do Farol, em Maceió, são responsáveis por entregar correspondências em ruas e bairros da região, chamados de distritos.

O trabalho de separação é feito no período da tarde e a distribuição, pela manhã, de 8h às 11h. Para os carteiros, são distribuídos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como boné ou chapéu, protetor solar, roupas e sapatos. “Precisamos nos proteger do sol. Como sempre coloco protetor e uso boné, nunca tive problemas [de pele]”, conta.
 A carteira percorre cerca de oito quilômetros. Ela sai do CDD e precisa seguir de ônibus até o destino. “Quando comecei, o peso para levar era de 15 quilos, tanto para homem como mulher. Depois de alguns anos isso mudou, oito quilos para mulher e dez para homem”, explicou.

Como alguns ainda têm que cumprir a rota dos colegas afastados, mas não pode exceder o peso na bolsa, as entregas acabam atrasando. Além disso, ainda têm os riscos comuns à profissão. “Estava colocando a carta na casa e o cachorro se soltou, passou pelo portão e me mordeu. Tive que ir na unidade de saúde para tomar a vacina”, relembra Railda.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos de Alagoas (Sintect), Altannes Holanda, disse que a falta de profissionais tem sido o maior problema enfrentado pelos carteiros.

“A não abertura de concurso público para suprir todas as necessidades da empresa leva a um aumento deste problema. Os Centros de Distribuição ficam sobrecarregados, afetando ainda mais a saúde dos trabalhadores”, falou.
 Segundo o sindicalista, outro motivo da falta de profissionais é o programa de incentivo da empresa para que os funcionários que estão em tempo para se aposentar se desliguem dos serviços. “O problema é que não colocam outras pessoas no lugar e isso faz com que os outros colegas assumam os distritos que ficam faltando”, comentou.

Holanda também relata o atraso das correspondências. “Como não tem profissionais suficientes, alguns locais chegam a ficar com 10 dias de atraso na entrega. E isso acaba complicando para o carteiro quando vai fazer a entrega. Ele que ouve as reclamações”, disse.

A assessoria de comunicação dos Correios reconhece a carência de profissionais, mas disse que esse não é o único motivo do atraso nas correspondências. Segundo a assessoria, outras questões como o crescimento urbano, aumento das correspondências e a dificuldade em identificação de ruas e número de casas. Sobre isso, a empresa disse que está em contato com os órgãos municipais para que a situação melhore.

A respeito da contratação de novos profissionais, a assessoria disse que isso só pode ser feito através de concurso público, que é determinado pelo Ministério das Comunicações, mas não há previsão para que isso aconteça. Os Correios também informaram que, para diminuir o problema do atraso na entrega das correspondências, estão sendo feitos mutirões.


Por G1 Alagoas

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