Mestra Lindaura Alves, a Dadá de Meirus, é referência cultural no sertão
Coordenadora do bloco Chaleirinha mantém tradição folclórica na região
Em 2012, foi diplomada como Patrimônio Vivo de Alagoas, pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura Fotos: Paulo Rios |
Aos 89 anos, Lindaura Alves da Silva é referência cultural em
Alagoas. Conhecida como mestra Dadá, a sertaneja nasceu no povoado de
Meirus, em Pão de Açúcar, onde aos 14 anos de idade ingressou no bloco
carnavalesco “Chaleirinha”, grupo que coordena há mais de 45 anos.
No início de 1900, Antonio de Binga, um conhecido morador do povoado,
criou o bloco exclusivamente para as mulheres brincarem o carnaval. Com
o passar do tempo, a folia foi ganhando maiores proporções e sendo
inserida em festas religiosas e demais comemorações da região, se
tornando manifestação folclórica.
Considerado um pastoril rural, o folguedo é formado por cerca de 20
meninas, que ensaiam aos finais de semana, sob o comando da mestra Dadá e
ao som das Meninas de Meirus, grupo composto por moradoras da região,
que cantam modas antigas e rampeiras. “Tenho muita satisfação em
transmitir minhas experiências paras as crianças e os adolescentes, e
toda a comunidade”, disse dona Dadá.
A “Mestra Dadá também é considerada uma grande contadora de
histórias, especialmente as que relatam o cotidiano do povo nordestino e
causos sobre o cangaço. Ainda criança, aprendeu as tradições populares
participando das brincadeiras promovidas no povoado por Dona Maria dos
Prazeres Bonfim e Pedro Alves Ferreira, responsáveis pelo grupo
Chaleirinha de Meirus.
Dona Lindaura foi agricultora, professora, merendeira, bordadeira,
costureira e seresteira. Muito religiosa, é ainda zeladora da Igreja de
Meirus. Como brincante dos folguedos populares, começou como integrante
dos grupos A Chaleirinha, Pastoril de Meirus e A Vassourinha, passando a auxiliar os mestres nos ensaios e se tornando coordenadora dos blocos.
“Quando eu era criança, já participava de ‘dramas’ e logo depois já
entrei para o pastoril. Sempre gostei das danças e das brincadeiras, é
uma agitação que ferve”, lembra a mestra, que ainda hoje canta e compõe
músicas para os blocos.
A indumentária do folguedo também fica por conta da mestra Dadá. Com
muita dedicação, a própria mestra confecciona os trajes típicos do
bloco: vestidos brancos com detalhes vermelhos, chapéus ornamentados com
flores e chaleiras.
Em 2012, foi diplomada como Patrimônio Vivo de Alagoas, pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura.
“O segredo da longevidade da mestra está na sua simplicidade e
inúmeros dons artísticos que a tornaram referência cultural para todo o
Estado”, disse Mellina Freitas.
Blog Adalberto Gomes Noticias com Agência Alagoas
Nenhum comentário