PMs montam cesta básica após ladrão dizer que roubou para alimentar bebê
Desempregado tomou celular e R$ 48 de pastora evangélica em rua do DF. Ele, mulher e filho moravam em cômodo alugado, só com cama e fogão.
Policiais militares de Brasília
fizeram uma “vaquinha” e doaram R$ 400 em comida à família de um ladrão
de 19 anos que alegou só ter roubado para alimentar o filho de 1 ano e 1
mês. O crime aconteceu na última sexta-feira (27) no P Sul, na região
administrativa de Ceilândia.
Na ocasião, Joarles Souza simulou ter uma arma debaixo da camiseta e
tomou o celular e R$ 48 de uma pastora evangélica. Ele continuava detido
até esta quinta-feira (2).
Em vídeo feito pela equipe, o homem conta estar desempregado e fala que
disse à vítima que só estava roubando porque precisava, por causa da
falta de comida para o bebê. "Só porque a situação está daquele jeito,
não faço isso, não", afirma. Os PMs decidiram então ir à casa dele,
também no P Sul, checar a situação.
“Ele disse que na casa dele não tinha nada para comer, que o filho dele
estava sem comer até aquela hora, que já era 13h. Eu fiquei muito
comovido. No local [casa da família] achamos a mulher dele, e realmente
não tinha nada, nada, nada. A criança estava sem comer. Não tinha nada,
nem para a criança, nem para a mulher dele”, contou o soldado Aislan
Alvez.
Pedindo para não ter o nome divulgado, a mulher de Souza contou ao G1
que ele perdeu o emprego de vendedor de roupas em abril e que desde
então o casal tem dependido da ajuda de familiares para sobreviver. Ela,
que era operadora de caixa de um mercado, foi demitida assim que
descobriu estar grávida do único filho do casal.
Nenhum dos dois tem antecedentes criminais. O casal morava de aluguel
em casa com um único cômodo, que só tinha cama e fogão – por ser menor,
era mais barato, afirmou. Os PMs contam terem se sensibilizado por não
haver geladeira e armários no espaço. O botijão de gás havia sido
emprestado por uma vizinha.
Depois de levar o homem à delegacia, os três policiais envolvidos na
ocorrência passaram em um mercado e compraram arroz, feijão, iogurte,
leite, verduras, frutas, biscoitos, macarrão, ovos, sal e óleo de
cozinha para a família.
O soldado Lucas Alexandre Rezende contou que a equipe voltou
imediatamente à casa, mas não encontrou a mulher e o bebê do preso. “A
gente ligou para ela, e ela disse que tinha saído para ver se conseguia
algum leite para o menino, porque o menino estava chorando. Era 16h e
eles não tinham comido nada o dia todo. Ela chorou quando falamos das
compras.”
Souza chegou a ser apresentado à Justiça em audiência de custódia e
teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. A decisão foi
tomada pelo juiz Alessandro Marchió Bezerra Gerais no dia 29 de maio.
“O fato de o custodiado estar passando por necessidades financeiras não
pode ser entendido como salvo conduto para a prática de ilícitos
penais. Com sua conduta, o custodiado pode ter privado dos seus bens
pessoa tão necessitada – ou mais – do que ele alega estar, o que
demonstra a reprovabilidade do seu ato”, disse o magistrado.
Depois da prisão, a família do homem se mudou para a casa de uma amiga.
A mulher dele diz buscar ajuda de advogados para soltá-lo.
Trecho da decisão de juiz que determinou que homem que alegou que roubou para alimentar filho permanecesse preso em Brasília (Foto: Tribunal de Justiça do Distrito Federal/Divulgação) |
Por G1
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