Revitalização Já: O rio São Francisco está agonizando
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O rio São Francisco a cada ano que passa, tem menos água |
O rio São Francisco, que banha os Estados de Minas Gerais, Pernambuco,
Bahia, Alagoas e Sergipe, a cada ano que passa, tem menos água
percorrendo os seus 2696 km da Serra da Canastra, em Minas, onde nasce,
até a sua foz em Piaçabuçu, Alagoas.
Quando fiz parte do Conselho Nacional de Recursos Hídricos(CNRH), e do
Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco(CBHSF), participei de
discussões importantes sobre a regulamentação do uso das águas do São
Francisco. Uma delas foi a definição no Plano Diretor do rio, que foi
aprovado no CNRH, que a vazão média diária de 1.300 m3/s seria a vazão
mínima ecológica na foz. Para baixar essa vazão só com autorização da
ANA (Agência Nacional de Águas) e do IBAMA.
Há tempos, em função da estiagem prolongada, a CHESF vem praticando a
vazão de 1.100m3/s e recentemente a ANA autorizou baixar para 900m3/s,
em seguida, 800m3/s e agora está testando 750m3/s para autorizar a vazão
de 700m3/s.
A pesca artesanal, a aquicultura, a agricultura irrigada e até o
abastecimento humano estão bastante prejudicados e não se tem ideia do
que realmente vai acontecer quando o Velho Chico estiver com a vazão de
700m3/s, já autorizada pela ANA. Com o volume reduzido constata-se a
poluição e até a salinização das águas mais próximas da foz. Com
Sobradinho, o maior barramento regulador do rio com 7% de sua
capacidade, não haverá outra alternativa aos órgãos reguladores se não
vierem chuvas em quantidade no alto São Francisco.
Com a construção pela CHESF das barragens para produção de energia,
foram enormes os impactos ambientais que sentimos no Baixo São
Francisco. Hoje não falta só o peixe nativo que desapareceu com a
impossibilidade da piracema, ou a falta de profundidade para a navegação
por causa do assoreamento, o que falta no rio São Francisco realmente é
água para atender às demandas de desenvolvimento e de sobrevivência do
povo ribeirinho.
Nascentes perenes estão se tornando temporárias. Esta situação mostra
que a transposição de suas águas é um ato criminoso e a revitalização
não pode esperar. Temos que proteger as nascentes, recuperar matas
ciliares e impedir a poluição de suas águas.
Salvar o Velho Chico é obrigação de todos nós!
Por Aqui Acontece/ Ronaldo Lopes
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