Pesquisa apoiada pela Fapeal propaga conhecimento sobre legado arquitetônico de Alagoas
Grupo da Ufal produz análises que são divulgadas em site e preservam o cenário estadual
Legado arquitetônico de Alagoas é foco da pesquisa que estuda e lança um olhar diferenciado nas linhas da área de preservação feito pelo Grupo Relu, coordenado pelas professoras Adriana Capretz e Josemary Omena Grupo Relu/ Ascom Fapeal |
Com o advento de um olhar mais atento ao patrimônio da cidade, um
projeto busca aliar estudos de educação patrimonial ao conhecimento da
produção arquitetônica, utilizando a web para compartilhar mais sobre a
História e a contemporaneidade de Maceió.
O grupo de pesquisa Representações do Lugar (Relu),
ligado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade
Federal de Alagoas (Ufal), estuda linhas dentro da área arquitetônica de
preservação, com o auxílio de duas professoras: Adriana Capretz, que
coordena o projeto e orienta abordagens nos campos de memória e história
da arquitetura, patrimônio cultural e design, e Josemary
Omena, que produz trabalhos na área de restauro e participa de produções
acerca do inventário do patrimônio imaterial de Alagoas.
O grupo integra vários estudos e o Portal de Arquitetura Alagoana é
um deles. Idealizado em 2009, a proposta visava construir um
levantamento do legado histórico na capital do Estado. No princípio,
foram feitas as coletas de materiais, produção de fotografias e desenhos
do acervo de períodos variados (fim século XIX, início do XX e meio do
século, o chamado período moderno). Reunido em um volume de material
interessante a partir do tema inicial, percebeu-se que havia mais pautas
a serem exploradas.
Nessa perspectiva, os estudiosos pensaram
inicialmente em disponibilizar mais materiais compilados num portal :
“No curso de arquitetura é frequente a produção de desenhos de nossos
monumentos e às vezes este material fica perdido. São produtos de TCCs,
aulas e tudo fica sem uso após as disciplinas”, alega Adriana Capretz.
Com o site, o material estará sempre disponível e os alunos não
repetirão as mesmas criações. Eles podem estudar pelos projetos
existentes e realizar novos para serem publicados.
Para a execução dos procedimentos, as pesquisadoras contam com o
auxílio fixo de duas bolsistas da graduação, Manuela Viana, do curso de
arquitetura, e Juliana Cavalcanti, de Ciências da Computação, que é
responsável pela configuração do site, além do auxílio e contribuição de
estudantes atuantes no doutorado e mestrado da FAU.
Estruturação
Desde 2010 as pesquisas começaram a ser disponibilizadas online, porém,
a partir de 2013, devido à boa repercussão do site, a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) passou a ampliar o escopo de apoio concedido
ao projeto. A Fapeal já financiava bolsas do Programa de Iniciação
Científica (Pibic), em conjunto com o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Ufal.
No ensejo de otimizar o projeto, o CNPq prospectou recursos através
do edital Universal, o que possibilitou a compra de aparato tecnológico.
Já a Fundação, passou a incentivar o programa com aportes próprios, a
serem utilizados em produção gráfica, na compra de ferramentas
especializadas e de material de divulgação e publicações. Foram
produzidos cerca de 10 mil folders, 150 livros de jogos da
memória e cadernos para colorir, 150 jogos de capa, assim como adesivos, pastas e papeis timbrados.
A coordenadora ressalta ainda a importância do apoio obtido a partir
da chamada de auxílio à pós-graduação, fornecido pela Fapeal: “Com estes
investimentos foi possível garantir suporte para a contratação de
serviços técnicos específicos. Devido à grande demanda,
tivemos de contratar um programador para a plataforma, designer,
fotógrafo, coisas que fogem às habilidades dos alunos, e estes subsídios
foram garantidos através da Fapeal”.
Tais ações reverteram em crescimento produtivo e o quadro foi
aprimorado, sendo possível atualmente acessar mais temas. São eles: igrejas, escolas, casas e todas as 55 Unidades Especiais de Preservação (UEP)
em Maceió. “Nós já estamos trabalhando em novos materiais com pautas em
museus, edifícios públicos e monumentos em memória. Até o fim do ano,
serão publicados arquivos com novos objetos”, ressalta Capretz. Os
conteúdos foram escolhidos desta forma porque trata-se de obras que
estão próximas à realidade da sociedade.
Os recursos convergiram em esforços para a equipe, que explica que o
propósito do site foi ampliado nesse processo evolutivo. Inicialmente, o
desejo era agregar as pesquisas e formar um grande acervo virtual. No
entanto, isso ainda era pouco para o alcance que o conjunto poderia
adquirir. Os resultados acumulados representariam uma atividade para um
público específico, um site limitado aos estudantes do curso.
O foco foi simplificado e o projeto passou a voltar-se para uma
classe que não tinha acesso, que não estudava ou não conhecia o meio.
Nesta etapa criativa, foram elaboradas ferramentas de interação com
novos públicos.
O portal começou a promover uma educação patrimonial, incluindo
materiais voltados ao público infantil e uma linguagem compreensível por
leigos na temática. O design ganhou uma configuração mais simplificada,
de fácil acesso e sistematizou suas informações em tópicos. Foram
disponibilizados de forma gratuita para download,desenhos para colorir e jogos da memória, todos baseados em construções da história alagoana.
Porém, apesar das mudanças, não foi deixado de lado o campo mantido
para os acadêmicos de arquitetura. O ambiente virtual continua ofertando
a área de acesso, que contém os desenhos facilitados para as análises e
referências.
Atualmente, estão disponíveis fotografias das edificações, colocando
sempre um registro antigo e outro mais recente, revelando a História
nesta correlação, bem como maquetes eletrônicas, que apresentam as obras
em 3D, um grande atrativo do site, para conhecer os espaços de Maceió a
partir de novos ângulos.
O projeto deverá ser divulgado nos planos das escolas de ensino
público, mas há estratégias de expandi-lo também ao âmbito privado, pois
o desconhecimento é generalizado em Alagoas. As professoras e a
coordenação podem analisar o material com o intuito de baixar os
desenhos e jogos e reproduzir o conhecimento através das biografias
narradas em acompanhamento.
MOTIVAÇÃO
Bolsista do estudo, Manuela Viana explica que teve a oportunidade de
realizar intercâmbio numa universidade nos Estados Unidos e lá
participou de um projeto de preservação patrimonial.
A partir disso, surgiu o interesse em promover algo similar em
Alagoas: “Nós possuímos muitas vezes estruturas mais antigas, nobres e
interessantes, de grande importância à produção histórica, mas que não
recebem a atenção devida. Quando voltei, eu vi o projeto realizado pela
professora Adriana e ali pude me inserir, utilizando o que eu aprendi e
construindo também um conhecimento voltado não só à arquitetura, mas com
o objetivo pedagógico de divulgar a história local”, explica a aluna.
Manuela é atualmente responsável por fotografar e manipular as imagens, formatando os produtos ao site.
A rede que se tornou dinâmica e atual, já configura um modelo exitoso e
é divulgada em sites conhecidos como o da Secretaria de Estado da
Cultura (Secult), no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) e na Secretaria Municipal de Planejamento e
Desenvolvimento (Sempla).
Desafios
Adriana Capretz explica que um dos maiores obstáculos enfrentados
hoje é o hábito de se entender como patrimônio apenas obras de feições
antigas, o que ocasiona a perda de propriedades únicas.
Para os moradores é frequente o não reconhecimento de projetos do
estilo moderno, uma vez que eles não apresentam elementos
característicos a um padrão mais clássico. Entretanto, este é o gênero
estrutural que é comumente encontrado em Alagoas e é considerado como
legado arquitetônico. Ele condiz ao intervalo entre guerras, anos 20 a
50 e, no Brasil, é estendido até as décadas de 60 e 70 por influência da
estética de Brasília. Com isso, as edificações, por não serem
facilmente identificadas e rotuladas como riquezas patrimoniais, acabam
sofrendo degradação.
A “casa rosada”, que ficava no bairro de Pajuçara, é um ótimo exemplo
desta herança, que foi perdida e demolida. O seu desaparecimento deu
origem à criação das Unidades Especiais de Preservação (UEP), que serviu
para que as autoridades atentassem a esta realidade, isolando 55
unidades na capital. Elas não fazem parte de um conjunto, como o centro
de Maceió, que é uma Zona Especial de Preservação (ZEP), e por isso esta
tarefa se torna mais complexa.
Na cidade encontram-se várias construções solitárias e o portal
procura contribuir para que estas obras não fiquem obsoletas. Nele,
estão presentes para visualização a localização das obras, tanto no
Google Maps como no Google Street View, incentivando o turista e cidadão
a conhecer o que Alagoas tem em produção histórica.
Planos Futuros
Como metas futuras o programa visa iniciar as visitações nas escolas
em larga escala e implantar os materiais no processo de aprendizado em
conjunto com professores.
Ampliar o site também
é um viés trabalhado, utilizando-se novos temas e pautas a serem
compiladas, no entanto a equipe destaca um conteúdo especial do
patrimônio em memória. Formulado a partir de edificações que não existem
mais, nele será mostrado, por exemplo, a casa rosada como referência
entre outras obras demolidas ou algo como o Gogó da Ema, que representa o
único monumento natural presente, assim como simboliza uma referência
importante e histórica.
Concluindo estas atividades, o grupo analisa, em longo prazo, lançar a
idealização de um guia arquitetônico de Maceió, em que seriam
evidenciados os possíveis ambientes de que se dispõe para turistas ou
cidadãos que desejem encontrar elementos específicos da cidade
Por Redação Blog Adalberto Gomes Noticias com Agência Alagoas
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