Roupa Nova celebra 35 anos com lançamento que recorda crises e momentos de glória
Cleberson,
Feghali, Kiko, Nando, Paulinho e Serginho estão num estúdio. A música
de fundo é “Sem tempo a perder”, uma versão de “No time”, da banda
canadense de rock The Guess Who. Tensos e cheios de problemas, os
integrantes do Roupa Nova acabam brigando feio. É quando aparece Vida,
uma espécie de fada, que lhes chama a atenção por fazerem dos problemas
maiores do que realmente são. E os leva de volta ao passado,
transformando os seis na figura de um garoto de 14 anos, um tijucano dos
anos 60, que descobre a música e vai à luta. Ele tem a primeira transa,
trai a namorada, fuma maconha, sofre bullying, participa de briga na
rua e tem um padastro militar, que não gosta dele nem do som que ele
faz.
— Esse menino não tem nome. É um alterego de todos
nós da banda, de uma geração inteira — explica o baixista e vocalista
Nando, idealizador do projeto que celebra os 35 anos do Roupa Nova: —
Levei anos pensando em como vender essa ideia. O mercado está falido.
Misturamos texto com música para apresentar algo criativo, inovador. Não
tinha mais sentido gravar um DVD ao vivo com os velhos sucessos, depois
de tanto tempo.
Assim surgiu “Todo amor do mundo”, kit com um
livro ilustrado, que conta essa historinha meio autobiográfica, e dois
CDs, num total de 19 faixas, sendo a maioria versões de canções
internacionais que foram sucesso nos anos 60.
— Fui atrás de
grandes versionistas: Humberto Gessinger, Paulinho Moska, Guilherme
Arantes, Nelson Motta, Paulo Massadas... Eu tinha muita vontade de ver a
gente cantar, por exemplo, alguma coisa de Marvin Gaye (“What’s going
on” virou “Medo medo”) — conta Nando, que casou cada aventura do
personagem, meio fictício, meio real, com uma canção: — Começo o texto
assim: “Quem sonha chama a vida para o seu lado”. Quando o menino fica
fa
Ao comemorar as Bodas de Coral de um casamento a seis, Nando quer mostrar, com o início da narrativa, que, muito além da lua de mel e dos bons frutos, a união do grupo tem DR (discussão de relação):
— Quem disse que a gente não briga? Briga sim, e briga muito! Mas e daí? Brigar quer dizer que as pessoas têm opinião. Quando não tem discussão, alguém está mentindo, escondendo o sentimento, se iludindo. Isso vale para casamento, para banda, para tudo.
O Roupa Nova se despede neste sábado (30) do Metropolitan, na Barra, após duas apresentações misturando hits e inéditas. Amanhã, os seis entram de férias.
— Fazemos uma média de 11 shows por mês. Tem artista que faz 26 e até três por dia, como Wesley Safadão. Para ele é mais fácil porque o forró precisa de uma quantidade de equipamento menor. A gente não abre mão da qualidade, e nosso público atenta muito para os detalhes técnicos do show — destaca Serginho, baterista e vocalista, comentando a ausência do grupo na mídia: — Se sumimos por um tempo, todo mundo acha que o Roupa Nova acabou. Na verdade, quem está demais na TV é porque está pouco na estrada, e vice-versa. Nossos contratos são fechados com meses de antecedência. Nosso público é fiel.
Nas férias, a convivência diária do sexteto se desfaz.
— A última coisa que a gente quer ver é a cara um do outro, chega! (risos) O celular só vai ficar ligado para acompanhar as notícias do escritório. Não nos falamos nem por e-mail!
“Todo amor do mundo” — que chega em março na versão DVD, reunindo animação e clipes gravados no Vivo Rio — contou com participações muito especiais. Alexandre Pires canta “Medo medo” com Serginho. Tico Santa Cruz, “Princípios de um novo tempo”. Ed Motta, “O poderoso sonho”. Carol Feghali, filha do tecladista e guitarrista da banda, interpretou “Contado” com Serginho. A cantora Twigg, filha do vocalista e percussionista Paulinho, fez dueto com Feghali em “O barquinho/Continente perdido”. Mas a grande surpresa do lançamento mesmo é Angélica, que soltou a voz em “Você, o surfe e eu”, versão do Milton Guedes para “Surfer girl”, do grupo The Beach Boys.
— Se não fosse a Angélica nessa música, tinha que ser a Xuxa, mas ela estava envolvida com a mudança para a Record na época. Essa canção é tipo o dueto de “Grease”, com Olivia Newton-John e John Travolta. Era essa a imagem que a gente queria trazer para o áudio. Não queríamos uma performance vocal, uma Whitney Houston ou uma Mariah Carey cantando. Angélica canta com Paulinho de maneira leve e despretensiosa. Ficou bárbaro! — atesta Serginho.
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