Central de Transplantes de Alagoas garante novos corações para dois alagoanos
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José Nivaldo e Cláudio Silva comemoram os transplantes bem sucedidos (Fotos: Carla Cleto) |
A vida dos alagoanos José Nivaldo da Silva e Cláudio da Silva
foram salvas graças ao ato de solidariedade de duas famílias, que
autorizaram as doações dos corações de seus entes queridos. Esse é um
fato raro de acontecer, e só foi possível em razão do esforço da equipe
da Central de Transplantes de Alagoas, que realizaram todo o trâmite
para assegurar a doação dos órgãos.
Isso porque, para haver a doação, o paciente deve ter sofrido morte
encefálica e ter passado por três laudos médicos, com a realização de
vários testes de reflexo. Seis horas após a constatação da morte
encefálica, o paciente passa por outra bateria de exames, visando
comprovar se não há resposta a reflexos. Depois dos testes clínicos são
realizados exames complementares, como eletroencefalograma ou
arteriografia.
“A morte encefálica é declarada quando é comprovado que não existe
nenhum fluxo sanguíneo no indivíduo. Após essa etapa, os técnicos
entrevistam os familiares do possível doador, onde é explicada à família
a opção em doar os órgãos e tecidos do ente querido. Se a família
aceitar fazer a doação, começa uma corrida contra o tempo para resolver a
parte logística”, explicou a coordenadora da Central de Transplantes de
Alagoas, Daniela Ramos.
Raridade
E um fato torna o caso mais raro: José Nivaldo da Silva e Cláudio da
Silva entraram na lista de espera em janeiro deste ano. Isso mostra que
os alagoanos conseguiram o transplante em menos de três meses, segundo
registros da Central de Transplantes de Alagoas.
“Agora estou como uma criança, pronto para brincar e ser feliz”. Foi
com essas as palavras que José Nivaldo da Silva deixou a Santa Casa de
Maceió nessa segunda-feira (17), depois de receber um novo coração para
substituir o antigo, que estava comprometido pela doença de Chagas.
Pai de dois filhos e três netos, José Nivaldo da Silva recebeu a
notícia que iria receber o novo coração no dia 19 de março, quando
estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE).
“Nos últimos três meses dei entrada no HGE mais ou menos 10 vezes,
sempre com uma angústia terrível e uma sensação de morte; sem saber se
iria voltar com vida para junto da minha família”, recordou.
Ele relembra que, quando o informaram que iria fazer o transplante
sentiu uma sensação de alívio. “Eu só fazia rir e chorar de tanta
alegria”, falou emocionado, ao planejar os próximos passos. “Uma das
minhas maiores expectativas é voltar a trabalhar, porque estou há seis
anos sem um trabalho, por causa da minha condição cardíaca, que não me
deixava fazer nenhum esforço físico. Estou esperando o médico fazer as
recomendações para saber se vou poder voltar a trabalhar”, disse.
Já o arapiraquense Cláudio da Silva, que estava em tratamento há um
ano e sete meses, recebeu a informação que receberia um novo coração no
dia 28 de março. “Antes da cirurgia eu ficava muito cansado, sem
conseguir fazer as coisas corriqueiras. Por causa disso tive que mudar
de profissão, uma vez que antes eu era motorista de caminhão e fui
colocado para ser chefe do transporte na empresa em que trabalho”,
contou.
“Eu quero agradecer a essa família que teve o ato de carinho e amor
ao próximo e doou o coração do seu ente querido para mim. Agora, eu vou
poder levar a vida mais alegre e curtir melhor os meus dois netos”,
contou Cláudio da Silva, que recebeu alta médica nesta terça-feira (18).
Situação Crítica
De acordo com o médico cardiologista Francisco Siosney, a situação
dos dois pacientes era crítica, sem conseguirem tomar um banho sozinhos e
se deslocarem de um lugar para outro dentro de casa. “A condição de
saúde desses dois pacientes era considerada crítica, já que eles
cansavam até no repouso”, explicou.
O médico ainda falou que a recuperação dos dois pacientes está
caminhando dentro da normalidade. “Eles já passaram pela biopsia e os
órgãos não foram rejeitados pelo organismo, o que confirma o sucesso das
cirurgias. Passamos algumas recomendações para que eles não façam
atividades extenuantes e apenas exercícios de baixa intensidade”,
salientou Francisco Siosney, que faz parte da equipe credenciada para
fazer transplantes de coração em Alagoas, chefiada pelo cardiologista
José Wanderley Neto.
Transplante de Coração
Segundo Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de
Alagoas no Estado, os transplantes de coração são realizados desde 1997.
Em 20 anos já foram realizados 37 procedimentos.
“Os números podem parecer baixos, mas os critérios para a doação de
coração são mais rígidos. A compatibilidade entre doador e receptor deve
ser exata, o fator Rh deve ser o mesmo, assim como o peso e altura do
paciente. Todos esses fatores devem estar conectados para que o
transplante seja autorizado. Esses pré-requisitos tornam o procedimento
ainda mais difícil”, explicou Daniela Ramos.
Em Alagoas são feitos transplantes de coração, rins e córneas, além
da captação de fígado, que é ofertado para os estados onde o
procedimento é realizado. “Para ser um doador de órgãos e tecidos não é
necessário deixar nada por escrito, mas é preciso a autorização da
família. Por isso é importante deixar claro aos familiares a vontade de
doar órgãos após a morte”, salientou Daniela Ramos.
Por Blog Adalberto Gomes Noticias com Agência Alagoas
Por Blog Adalberto Gomes Noticias com Agência Alagoas
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