Hospital Geral atende mulheres vítimas de violência doméstica


 Casos como o da paciente A.S. são recorrentes, mas não devem ficar impunes (Foto: Neide Brandão)

Apesar de proteções jurídicas como a Lei Maria da Penha, as mulheres ainda são as principais vítimas de violência doméstica. O Hospital Geral do Estado (HGE) é considerado referência para assistência de urgência e emergência a vítimas de violência em Alagoas. Pacientes de Maceió e dos municípios do interior procuram a unidade hospitalar em busca de assistência.

A notificação de violência doméstica, sexual e outras violências aponta que no primeiro semestre deste ano, o Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HGE notificou 538 casos de violência envolvendo crianças, adolescentes, idosos, homens e mulheres. Desse total, o serviço registrou 273 casos de violência doméstica envolvendo mulheres. Durante o ano de 2014 foram notificadas 1.187 vítimas, 560 do sexo masculino e 627 do feminino.

De acordo com Eloy de Oliveira, enfermeiro do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HGE, a violência doméstica abrange os maus- tratos e abuso sexual no âmbito familiar contra a criança, adolescente, idoso e mulher. “Difere das doenças e agravos porque é um evento que só pode ser detectado com uma verificação criteriosa”, informou.

As iniciais A.S. são de uma paciente do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do HGE, vítima de um acidente em casa. Com 33,5% do corpo queimado, ela contou que durante uma briga de casal acabou se queimando com a chama do fogão.
Casos como o de A. S. acontecem mais do que se imagina. Apesar dos avanços femininos na luta por seus direitos, a mulher ainda continua sendo a maior vítima da violência doméstica.

Para Eloy de Oliveira, os profissionais de saúde devem ter um olhar diferenciado para os pacientes suspeitos de violência doméstica, sexual e auto-provocada. “Saber para onde encaminhar a vítima é fundamental para evitar constrangimentos e garantir que o paciente será atendido por um serviço específico”, alertou.

Após a alta do paciente o encaminhamento é feito para a rede de assistência, que inclui o Centro de Apoio às Vítimas de Crime em Alagoas (CAV Crime), o Conselho Tutelar, a Maternidade Santa Mônica e a Defensoria Pública. “Os casos de abuso sexual, por exemplo, devem ser encaminhados para a Maternidade Santa Mônica, que dispõe de uma equipe especializada para o atendimento clínico e laboratorial”.

A notificação de suspeita de casos de violência é obrigatória para todos os profissionais dos serviços de saúde públicos e privados, conforme preconizado pela portaria 104, publicada pelo Ministério da Saúde. O enfermeiro citou que os dados sobre violência doméstica se constituem em instrumentos gerenciais que possibilitam aos gestores de saúde, das três esferas de governo, a implementação de medidas para diminuir a incidência de vítimas.

“Ao conscientizar os profissionais que atuam no hospital sobre a importância da notificação, estamos contribuindo para reduzir os índices alarmantes que são veiculados na mídia e colaborando para a sobrevivência mais digna das vítimas”, destacou.

Maria da Penha e violência contra a mulher
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que uma em três mulheres já foi vítima de algum tipo de violência, em algum momento de suas vidas. Quase metade delas são mortas pelo marido ou namorado, atual ou ex. 
A lei Maria da Penha define como crime a violência, física ou psicológica contra a mulher, independente de orientação sexual; proíbe a aplicação de penas como multas e cestas básicas; estabelece prazo mínimo de três meses de reclusão e máximo de três anos; e permite as prisões preventivas e em flagrante.

Rejane Lima, psicóloga na unidade hospitalar, apontou que a relação violenta tem algumas características bem marcantes. Para uma vítima reconhecer se está sendo ou não vítima deste tipo de violência é necessário ficar atento a alguns sinais.

“A primeira delas é possuir um caráter recorrente, ou seja, volta e meia ela acontece novamente. Os motivos podem variar, mas as atitudes são semelhantes: o agressor fica irritado, os atritos e as discussões são constantes e de intensidade crescente, até que acontece o episódio agudo de violência, seja ela psicológica (xingamentos, palavras de baixa autoestima, chantagem e outros tipos de agressões verbais), física (empurrões, socos, pontapés, entre outros) ou até mesmo a sexual (em que a mais comum é o estupro). Depois desta explosão, o agressor se acalma e é aí que muitos se arrependem e prometem que isto nunca mais voltará a acontecer”, alertou.

Em caso de agressão, a denúncia pode ser feita em qualquer delegacia da Mulher, no Conselho Estadual da Mulher pelo telefone 3315-2133 ou ainda na Central de Atendimento à Mulher através do telefone 180, que funciona 24 horas, inclusive nos finais de semana e feriados. 

Por Blog Adalberto Gomes Notícias com informações da Agência Alagoas.

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