A história da primeira engenheira formada no Campus do Sertão
Se a trajetória acadêmica fosse uma
competição, Stephane Andrade já seria tricampeã. A jovem de 22 anos
teria sido escalada em 2010 e estaria no topo da lista – como aconteceu
quando obteve a primeira colocação no vestibular para o Campus do
Sertão. Natural de Delmiro Gouveia, a universitária revelou a garra, a
determinação e a persistência do sertanejo quando se tornou a primeira
engenheira civil formada no semiárido alagoano, em janeiro deste ano.
Primeira colocada no vestibular,
primeira a apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da
Engenharia Civil no Campus do Sertão, primeiro membro da família
graduado e primeira aluna de sua turma a ingressar no mestrado. Na vida e
na academia, Stephane coleciona primeiros lugares. Para ela, a
profissão escolhida nunca foi uma dúvida.
“Sempre me identifiquei com as exatas
e, depois, percebi o crescimento do mercado de trabalho na área da
construção civil”, ressaltou. Mas foi a chegada do ensino superior ao
município de Delmiro Gouveia que tornou seu sonho uma realidade. “Sem a
presença da Ufal aqui, seria muito mais difícil. Nem todo mundo tem a
oportunidade de morar fora para estudar. Além disso, nós percebemos as
transformações locais, já que a vinda de novos moradores estimulou a
nossa economia”, detalhou a jovem engenheira.
Vida universitária
Assim como aproveitou a oportunidade
quando a Ufal chegou ao Sertão, Stephane também transformou o ingresso
na instituição num caminho para novas conquistas. Durante a graduação,
esteve envolvida em atividades extracurriculares e levou seu
conhecimento para quem mais precisava.
“Eu participei de um projeto de
extensão que busca incentivar o estudo de Matemática para alunos das
escolas públicas e dos programas de Educação de Jovens e Adultos. Além
disso, desenvolvemos trabalhos de conscientização sobre o uso da água,
com o intuito de gerar impactos na comunidade. Eu tive a oportunidade de
compartilhar meu conhecimento”, explicou.
Com histórico acadêmico exemplar, também assumiu a monitoria das disciplinas de Cálculo Numérico e Hidrologia
– essa última foi sua grande paixão e motivou a produção do seu TCC.
Para concluir seus cinco anos de graduação, Stephane Andrade decidiu
realizar estudos sobre o dimensionamento de cisternas tipo calçadão
associado à variabilidade pluviométrica do município de Delmiro Gouveia.
Segundo a engenheira, há muitas
cisternas instaladas na região, mas elas são construídas sem análise
prévia das variáveis e da hidrologia de cada localidade. “Coletamos
dados pluviométricos para caracterizar a distribuição de chuvas no
município. Essas informações permitem indicarmos o dimensionamento
correto das áreas do calçadão que possuem captação adequada para a
garantia do armazenamento do volume de água necessário para a demanda da
zona rural”, destacou.
Os resultados obtidos na pesquisa
revelam que é possível reduzir os riscos da falta d’água com pouco
investimento e podem beneficiar a agricultura familiar. “O estudo traz
muitos impactos para a Economia, porque essas cisternas são utilizadas
para a agricultura e a criação de gado – as principais fontes de renda
da região. Além disso, podem ser feitas com a contribuição da mão de
obra local, o que pode baratear seu custo e gerar empregos”, salientou
Stephane.
Da graduação para o mestrado
Antes mesmo da colação de grau, a
experiência de Stephane na área de Hidrologia lhe garantiu o ingresso no
mestrado de Recursos Hídricos e Saneamento da Ufal, ofertado no Campus
A.C. Simões, em Maceió.
Com a conquista, a nova engenheira faz
uma retrospectiva de sua trajetória acadêmica: “Quando comecei, o Campus
do Sertão não tinha nem a própria sede e nossas aulas eram realizadas
numa escola pública. Então, eu vi tudo isso aqui crescer, vi a
biblioteca ser implantada, a Edufal [Editora da Ufal] chegar e a
estrutura melhorar bastante... Hoje, saio daqui com as melhores
expectativas possíveis e rumo ao mestrado”, refletiu.
Por Ascom Ufal
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