Mais de 100 pessoas já foram presas em dez estados durante ações de combate ao crime
Operações Flashback e NJÖRD cumpriram, nesta terça (28), 216 mandados de busca e prisão em um único dia Ascom SSP |
Realizadas de forma
simultânea e com o objetivo de combater a atuação da facção criminosa
Primeiro Comando da Capital (PCC) no país, as operações Flashback II e
NJÖRD prenderam, nesta terça-feira (28), uma centena de pessoas ligadas
ao crime organizado no país. Nesta fase da ação, um dos focos foi
combater o núcleo composto por mulheres.
A Operação Flashback II é fruto de investigações realizadas pela
Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), as Polícias Civil e
Militar e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), do Ministério Público de Alagoas. As investigações tiveram
início em abril do ano passado e mapearam a atuação da facção criminosa
em Alagoas e em outros estados. Paralelamente, a Polícia Federal vinha
investigando pessoas ligadas ao grupo criminoso, originando assim a
operação NJÖRD.
As operações cumpriram 216 mandados de busca e apreensão e de prisão
em 71 municípios localizados em onze estados brasileiros. No Nordeste, a
operação abrangeu oito estados, onde foram cumpridos 179 mandados
judiciais. Em Alagoas, 101 mandados de busca e apreensão e de prisão
foram expedidos. Destes, 80 foram somente na capital.
Até o momento, a operação contabiliza 108 prisões, sendo 43 em
Alagoas, quatro na Paraíba, 14 no Ceará, uma na Bahia, uma no Paraná,
uma em Minas Gerais, duas em São Paulo, 14 no Mato Grosso do Sul, 16 em
Pernambuco, 12 em Sergipe e uma no Piauí.
O procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado de
Alagoas (MPE), Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, agradeceu ao
empenho de todos que contribuíram para o êxito da operação e também
parabenizou a participação dos demais estados, que deram o apoio
necessário. Ele disse que as operações deixam claro para a população de
todo o Brasil que suas forças de segurança e o Ministério Público estão
atentos ao que ocorre nessa área no país e combatendo diuturnamente a
criminalidade.
O secretário da Segurança Pública de Alagoas, Lima Júnior,
parabenizou os integrantes das forças policiais e órgãos envolvidos com o
objetivo de combater o crime organizado no país. Ele relembrou que a
Operação Flashback iniciou as investigações em abril do ano passado e
deflagrou o cumprimento desses mandados em novembro do mesmo ano. Logo
em seguida, iniciou-se a investigação referente à segunda fase, que
culminou com a operação integrada realizada hoje.
“Eu sempre defendo que a integração é o caminho e a força é a união.
Se nós não estivermos falando a mesma linguagem, não iremos vencer o
crime organizado. Não é fácil prender e cumprir uma quantidade de
mandados como estamos fazendo nesta segunda fase em um único dia e em 11
estados diferentes”, afirmou.
O Major Daniel Jatobá, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar,
explicou que o foco principal da operação, foi combater o Núcleo
denominado Damas do Crime, tentando assim desarticular uma vertente que
vem ganhando cada vez mais força.
As operações deflagradas hoje resultaram nas prisões de mulheres
integrantes da facção criminosa, com perfil violento, que determinavam
execuções e outros crimes em vários estados do país. Um dado que reforça
o crescimento de mulheres no crime é o número de alvos femininos na
primeira fase da operação, apenas sete, e o quantitativo da segunda fase
da operação, que saltou para 39, um aumento de 557%.
“As mulheres iniciaram no PCC em 2006, após uma rebelião ocorrida em
um presídio no estado de São Paulo, quando a liderança da facção
constatou a necessidade de recrutar mulheres para o grupo, a fim de
cumprir determinadas tarefas. No início elas transportavam drogas e
mensagens para os presídios. Com o passar do tempo, a cúpula do PCC viu a
necessidade de ter mulheres faccionadas também nos presídios femininos e
daí elas começaram a ocupar cargos de chefia”, disse.
O Oficial destacou ainda que todos os presos na operação Flashback
tiveram material genético colhido para que estas informações possam
integrar o Banco Nacional de Perfis Genéticos, uma inovação em
operações.
O diretor da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic),
delegado Gustavo Henrique, explicou que já vinha monitorando o núcleo
feminino da facção e observou o aumento no número de mulheres
recrutadas. Ele chamou a atenção para o envolvimento de mulheres
comandando os chamados tribunais do crime, onde pessoas, de facções
rivais ou não, são executadas de forma sumária.
“O núcleo delas na facção é igual ao masculino. Todas as funções e
hierarquia estão presentes nos núcleos onde há somente homens, inclusive
com o mesmo poder de decisão, de dar ordens e a prática de crimes”,
ressaltou.
O delegado Gustavo Gatto, da Polícia Federal em Alagoas, explicou que
a PF vinha recebendo diversas informações sobre a atuação da facção
criminosa em Alagoas e que a partir de então se deu início à
investigação que culminou com a operação NJÖRD.
“Em razão dessa simbiose que vem sendo construída ao longo dos anos,
começamos a fazer as investigações, identificando os traficantes locais,
os indivíduos residentes em São Paulo que eram responsáveis pela
logística do transporte da droga e recebimento dos valores. Também
identificamos aqueles que adquirem as drogas em Mato Grosso do Sul, além
de constatar contas bancária que eram usadas para movimentar o dinheiro
fruto da venda de drogas em Alagoas. Tudo foi produzido dentro do
inquérito que instauramos só mostra a lesividade e periculosidade do
grupo criminoso apresentado. Durante três meses de investigação
acompanhamos três homicídios em Alagoas, além de apreender meia tonelada
de droga no Mato Grosso”, afirmou.
Participaram da coletiva virtual o comandante do Batalhão de
Operações Especiais (BOPE), tenente-coronel César Monte, o delegado
Carlos Monteiro, coordenador-geral de Combate ao Crime Organizado da
Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), os promotores de justiça
Marta Bueno e Hamilton Carneiro, componentes do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o presidente nacional
do Grupo Nacional de Atuação de Combate às Organizações Criminosas
(GNCOC), promotor Gilberto Martins, e o superintendente da Secretaria de
Ressocialização, Milton Pereira.
Por Agência Alagoas
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