Professora desenvolve materiais que facilitam o ensino para alunos com deficiência
![]() |
Nathaly mostra a caixa especial com jogos e materiais que facilitam ensino de química Cortesia |
“O
sorriso de um aluno é o maior presente que a educação nos dá”. A fala
emocionada da professora Nathaly de Oliveira demonstra a personalidade
incansável de alguém que busca sempre inovar e se superar em prol da
melhoria da aprendizagem de seu aluno. E foi assim que, inspirada por
essa determinação, a professora de química da rede estadual desenvolveu a
“caixa especial”, um kit que conta com diversos instrumentos que
auxiliam o ensino da disciplina para estudantes com deficiência.
Tudo
começou quando ainda lecionava na Escola Estadual Rosalvo Lobo –
atualmente está na Theonilo Gama – em Maceió. Lá, conheceu e conviveu
com estudantes com déficit cognitivo e deficiência auditiva. A
necessidade de fazê-los acompanhar os assuntos abordados em sala da
mesma forma que os demais colegas fez com que a professora desenvolvesse
estratégias direcionadas para este público.
“Eu
me sentia incomodada ao ver que, em uma turma de 30 alunos, eu não os
alcançava da mesma forma que os demais. Então, comecei a desenvolver
materiais que os fizessem se sentir mais incluídos nas aulas de química.
Uma das primeiras coisas que fiz foi um trabalho com miçangas coloridas
para uma aluna com Síndrome de Down que tinha dificuldade em aprender
números de oxidação. Outra estratégia usada foi levar pilhas e itens
enferrujados para abordar oxidação. A resposta, por parte dos alunos,
foi imediata”, recorda Nathaly.
O
interesse pela educação especial se aprofundou durante o Mestrado
Profissional em Química (PROFQUI) pela Universidade Federal de Alagoas
(Ufal). “Minha prática em sala de aula me fez despertar para esse tema
e, no Mestrado, tínhamos que desenvolver um produto para a sociedade.
Como já havia percebido que temos carência de materiais didáticos para o
público com deficiência e déficits cognitivos, resolvi me debruçar
sobre o tema. Daí nasceu a caixa especial”, conta Nathaly, que defendeu
recentemente sua dissertação de Mestrado pela Ufal.
O kit -
Na caixa especial, é possível encontrar diversos materiais que
dinamizam e facilitam o ensino de química para estudantes com
deficiência e déficits cognitivos: dominós de funções orgânicas
coloridos e uniformes para alunos com daltonismo e também em braile (mas
sem cores) para os deficientes visuais; sequência didática para
trabalhar eletroquímica e jogo de montar para abordar ligações químicas
estão entre os itens.
“Por
meio da caixa, quis contemplar o maior número de estudantes com
deficiências e déficits cognitivos possíveis, agregando as deficiências
visual, auditiva e intelectual. Porque, quando falamos de
acessibilidade, não podemos segregar públicos, mas buscar atender o
maior número possível de pessoas, pois iremos interagir com estas
pessoas em sala de aula”, frisa Nathaly, que também é analista química
na Petrobras.
Segundo
a educadora, a ideia é que a caixa funcione seja usada não só por
professores, mas também que seja um suporte para auxiliares de sala nos
pós-aula, nas salas de recursos.
Apoio –
Para desenvolver a caixa, Nathaly também contou com o apoio de diversos
profissionais e instituições com experiência em educação especial. É o
caso do Centro Cyro Accioly, que deu dicas valiosas de como adaptar o
material para os estudantes com deficiência visual.
“No
Cyro Accioly, fui instruída sobre o universo dos deficientes visuais e
suas especificidades. Aprendi, por exemplo, que não deveria usar cores
muito fortes e, alguns casos, as letras precisariam ter tamanhos
maiores. Contei com o apoio de todos que fazem a instituição, dentre
eles, a diretora Jedalva, o professor de química Orlando e a professora
Gilsa, que transcreveu o material para a linguagem Braille”, revela
Nathaly.
Jedalva
Santos, diretora do Cyro Accioly, destaca a importância da iniciativa
da professora e diz que o Centro está sempre aberto a contribuir para a
inclusão da população com deficiência em Alagoas. “Nosso objetivo é
esse, contribuir com professores e comunidade em geral para a
acessibilidade educacional e comunicacional das pessoas com deficiência
visual. Estamos sempre abertos a ajudar, orientar e dar dicas”, resume a
gestora.
Os
pais de alunos também aplaudem a iniciativa da educadora. É o caso de
Maria Zenite de Souza, cuja filha Amanda foi aluna de Nathaly na Escola
Estadual Rosalvo Lobo. “Ela é uma professora nota mil, muito dedicada e
assim, como todos na escola, acolheu minha filha com o maior carinho.
Devemos sempre buscar a inclusão das pessoas com deficiência e,
transferir minha filha de uma escola particular para uma pública foi uma
decisão acertada, pois, lá, ela teve todo o apoio que precisou, seja
dos professores quanto dos colegas”, avalia Zenite, que é professora
aposentada.
Por Agência Alagoas
Nenhum comentário