Alagoas sem Fake; Checado: vacinas de mRNA não são novidade e seu uso é seguro

Checado: vacinas de mRNA não são novidade e seu uso é seguro
Agência Alagoas Texto de Agência Alagoas

Circula no WhatsApp o link de uma notícia com a informação de que pessoas nos Estados Unidos estariam desenvolvendo distúrbio sanguíneo após tomar vacinas contra a Covid-19. O conteúdo, em parte, se utiliza de informações verdadeiras, mas acrescenta opiniões para menosprezar a importância da vacina. Não há comprovação que complicações raras estejam ligadas diretamente à imunização. 

Com o título “Dezenas de pessoas desenvolvem distúrbio sanguíneo raro após tomar vacinas contra Covid”, o link é acompanhando com trechos da matéria completa. “Suspeita-se que a reação adversa causada pelas vacinas faz com que o sistema imunológico ataque as plaquetas, componente do sangue que atua na coagulação ou as células que as geram. Os casos foram comunicados ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas (VAERS) do Governo dos Estados Unidos no final de janeiro, o que significa que mais pessoas podem ter desenvolvido a doença desde então”, diz.

Ao acessar o link, a matéria apresenta alguns fatos abordados pelo jornal The New York Times, mas inclui opiniões sem embasamento científico para que o leitor duvide da eficácia das vacinas. A matéria acusa as vacinas de terem sido “produzidas em tempo recorde e fora dos padrões de segurança”. 

Então, o texto segue e parte para informações falsas, como a seguinte: “As vacinas da Pfizer-BioNTech ou da Moderna foram desenvolvidas por meio da tecnologia de RNA mensageiro, ou mRNA, tecnologia nunca empregada antes em seres humanos, mesmo em condições normais do tempo usual de produção de uma vacina, que varia de alguns anos até décadas. Além disso, nenhuma vacina até hoje, seja de mRNA ou de vírus atenuado, foi desenvolvida em um prazo inferior a quatro anos”, afirma a matéria. 

O imunologista francês Steve Pascolo, pesquisador da universidade de Zurique (Suíça) e um dos pioneiros nas pesquisas sobre o RNA mensageiro, disse em entrevista à Rádio França Internacional (RFI) Brasil que as novas imunizações são mais seguras, eficazes e vêm sendo estudadas desde os anos 1990. Além disso, ele lembrou que o RNA mensageiro também já é utilizado em outras vacinas, como a da tríplice viral, contra a caxumba, sarampo e rubéola.

“O produto funciona porque é uma vacina feita com vírus vivos, enfraquecidos. Injetados no corpo, eles provocam uma infecção nas células, que utilizam o RNA dos vírus para produzir as proteínas que permitem a entrada deles nas células, criando assim as reações imunológicas. O procedimento é o mesmo utilizado nas vacinas sintéticas”, explica o médico.

A segunda parte da matéria que circula nas redes sociais comenta sobre possíveis efeitos adversos graves das vacinas contra a Covid-19 e cita como exemplo casos nos Estados Unidos. “Um total de 36 pessoas podem ter desenvolvido uma doença sanguínea rara, conhecida como trombocitopenia imune, após tomarem as vacinas Pfizer-BioNTech ou da Moderna. As causas da trombocitopenia ainda são desconhecidas”, diz a matéria que cita como fonte o jornal The New York Times.

Ou seja, a matéria apresenta uma manchete alarmista, que tenta colocar em dúvida a eficácia das vacinas, mas no meio do próprio texto já esclarece que as causas do problema que surgiu em alguns pacientes são desconhecidas, portanto não há comprovação científica sobre o possível efeito colateral da vacina. 

A reportagem do The New York Times citada pelo texto que circula no WhatsApp, de fato, noticiou que 36 americanos, após receber ao menos uma dose de uma das vacinas, se apresentaram com trombocitopenia imune, que é a falta de plaquetas, componente do sangue essencial para a coagulação. 

No entanto, o jornal buscou fontes e apurou que não há comprovação de que o distúrbio no sangue tenha ligação direta com a vacina. Ao mesmo tempo informa que os casos relatados ao Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas do governo americano estão sendo investigados. Até a publicação, de 8 de fevereiro, mais de 31 milhões de pessoas nos Estados Unidos já tinham recebido pelo menos uma dose da vacina.

Funcionários da Food and Drug Administration (FDA) e do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), órgãos reguladores dos Estados Unidos na área da saúde, informaram ao NY Times “que analisam os relatórios, mas que, até agora, as taxas da doença em pessoas vacinadas não pareciam mais altas do que as taxas normalmente encontradas na população dos EUA, então os casos podem ser coincidentes”. A trombocitopenia imune é uma doença autoimune que afeta cerca de 50.000 pessoas nos Estados Unidos, de acordo com um grupo de apoio a pacientes.

“No geral, as vacinas são consideradas seguras. Um pequeno número de reações alérgicas graves foi relatado, mas elas são tratáveis ​​e as taxas estão em linha com as relatadas para outras vacinas”, acrescentaram os órgãos reguladores. 

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 Por Agência Alagoas

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